Espaço destinado ao registro das percepções críticas de um cidadão brasileiro sobre política, comunicação, comportamento e demais assuntos pertinentes à sociedade contemporânea.
Uma visão técnica do ponto de vista do marketing e apaixonada do ponto de vista humano. Leia, critique e replique à vontade!

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

O seu é mais feio!

Vivemos em um contexto político-social que tem deixado marcas profundas de desesperança nos cidadãos em relação aos políticos, instituições públicas e partidárias. Com escândalos envolvendo nomes de todos os matizes, e midiatizados à exaustão diuturnamente, entender o desprezo crescente da população por nossa democracia está se tornando fácil.

Eu poderia tentar aqui explanar melhor sobre o conceito de democracia e o quanto a maior parte da sociedade não conhece seu real significado – o que auxilia no entendimento da decepção generalizada que vejo manifestada em rostos e redes sociais -, mas esse espaço não contemplaria a empreitada.

Quero aqui me concentrar em algo que acredito ser ainda mais pernicioso para a evolução de nossa coletividade do que a ignorância de termos e filosofias, a paixão dogmática por siglas e “mitos” políticos.

A distorção ética que acontece na mente dos militantes partidários é assustadora. Não há revolta ou decepção pelos atos escusos de seus líderes, mas sempre a busca pela acusação dos líderes oponentes, como se o erro do outro justificasse o dos seus.

Essa relação política dogmática que não admite o questionamento das doutrinas, e dos "santos", dos partidos vai levar nossa sociedade à ruína. A corrupção não tem dono, tem adeptos.

A dignidade reside na coragem de cortar na própria carne, se preciso for, para dar o exemplo. Estou cansado desse jogo de acusações entre partidos onde numa hora são pedras, noutra vidraça.

Não adianta mais viver nessa busca por saber quem patenteou o superfaturamento, o desvio de verbas, o caixa dois nas campanhas, os aditivos desnecessários, a propina ou qualquer outra forma de lesar o contribuinte, não importa quem foi o primeiro, mas sim quem foi pego. Lógico que o ideal é que todos sejam pegos, julgados e apenados nos rigores, veja bem “rigores”, da lei.

É fato que para isso será necessário que se mudem as leis, o que demanda que se mudem os legisladores, que por sua vez requer que se mudem os eleitores que insistem em manter os mesmos grupos no poder há décadas. Vale lembrar também que será impossível ocorrer alguma mudança nos rumos dessa sociedade sem que a própria sociedade se empenhe na transformação.

Ou seja, nessa história toda só há razão nas palavras de Gandhi: “Seja a mudança que você quer ver no mundo”.
Marcos Marinho
Professor e Analista Político

@mmarinhomkt

segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Internet & Política

Chegamos ao fim de um ano bastante movimentado no cenário político local e nacional. As Eleições 2014 transcorreram em um clima de muita beligerância, o que ecoa ainda hoje com resultados que, obviamente, não agradaram a todos - fato inerente a qualquer processo eletivo.

Imagem: http://www.culturamix.com/
Fazendo um balanço sobre as campanhas eleitorais deste ano, afirmo que não houve grandes evoluções nem do lado de que buscava o voto, nem de quem buscava em quem votar. Ainda não foi em 2014 que vimos alguma campanha capaz de engajar e mobilizar a sociedade em prol de um representante, tampouco vimos algum grupo civil organizado mobilizando-se a fim de fazer prevalecer suas demandas e aspirações em apoio ou oposição às propostas apresentadas pelos candidatos.

As redes sociais serviram, em sua maior parte, como palco para embates de militâncias e equipes contratadas para atacar e/ou defender aqueles candidatos que tinham verba suficiente para estes serviços.

Este fato nos obriga a pensar o que falta para haver uma aproximação mais produtiva entre políticos e cidadãos. Não limitando essa relação aos momentos de cooptação de votos, mas entendendo a importância do envolvimento entre estes personagens porque uns impactam diretamente nas vidas dos outros.

Analiso que da parte dos políticos faltou conhecimento, preparo e interesse em realmente se comunicar com os cidadãos. Conhecimento porque não buscam se atualizar sobre as ferramentas comunicacionais nem fazem uso regular delas durante seus mandatos, o que reforça minha hipótese de falta de preparo. Mas o principal problema é a falta de interesse em se comunicar. E entendamos comunicação como um processo bilateral onde deve haver momentos de emissão e recepção de mensagens, ou seja, é preciso falar, mas também ouvir o cidadão.

Sem o hábito de receber, até pela falta de canais, demandas de seus eleitores e com o costume do monologar em discursos na época da eleição, os representantes do povo não mais se percebem como povo após serem diplomados, abandonando o dialogo com seus representados. Como a internet dá espaço para a fala destes representados, rompendo com o silêncio e excluindo muitos filtros antes impostos pelos canais tradicionais de comunicação, os políticos se intimidam e se ausentam.

Por outro lado também temos a ausência dos cidadãos nas discussões sobre assuntos que envolvem o bem comum, a polis, a política. Muito ativos nas redes sociais quando os temas curtidos e compartilhados versam sobre animaizinhos, bebezinhos, pegadinhas ou qualquer banalidade da moda, não há uma mobilização expressiva em prol dos assuntos que efetivamente contribuem para uma melhor qualidade de vida para todos.

Lanço também algumas possibilidades para esse afastamento: desconhecimento, desinteresse e desinformação. O desconhecimento sobre o tema fatalmente dificulta a participação do cidadão. Esse fato é notório quando avaliamos o tipo de educação que é ofertada às crianças e adolescentes sobre política. Nenhuma. Desta forma vemos pessoas que podem encontrar seu lugar de fala sobre temas sociais, mas que possivelmente não saibam o que dizer, pois não foram politizadas para isso.

O desinteresse se associa em certo grau ao desconhecimento, pois a ignorância também rouba o entendimento sobre a importância do tema e faz com que a pessoa o relegue a outras ou a um nível desimportante. Mas também devemos considerar o desfavor prestado por grande parte dos políticos que insistem em estampar diariamente as manchetes de jornais em divulgações de escândalos. Associados à sujeira, corrupção e roubalheira, compondo assim uma representação social extremamente negativa, é muito fácil perceber porque as pessoas não querem se envolver com os assuntos políticos: não querem se sujar.

Finalizo comentando sobre a desinformação, fruto, talvez, da hiperinformação recebida cotidianamente. Sem confirmação de fontes, com descrédito em muitas, e com várias versões desencontradas que primam pelos interesses dos envolvidos, o cidadão se sente perdido entre os acontecimentos que o soterram sem dar-lhe tempo para o devido processamento e interpretação dos dados percebidos.

É certo que temos agora um lugar de fala amplo, potente e disponível para ambos os lados, mandatários e cidadãos. Termos como e-participação já começam a ganhar força entre os estudiosos da comunicação política e nos aponta as possibilidades de engajamento e mobilização da sociedade em prol de suas demandas e direitos políticos, indo ao encontro ou de encontro àqueles que se oferecem para representá-los.
Marcos Marinho
Professor e Consultor Político

@mmarinhomkt

terça-feira, 30 de setembro de 2014

O candidato ideal


Chegamos à reta final das eleições 2014, aparentemente no velho ritmo da inércia que se abateu sobre a política goiana há tempos. Povo de um lado, candidatos do outro, propaganda fraca, eventos mirrados e nada de “novo”.

Mais uma vez o povo ficou à espera do candidato capaz de captar-lhe os anseios, capaz de se comunicar e apresentar alguma forma de mudar essa realidade desagradável que está posta. Mas aí reside um problema: será que o povo tem alguma ideia de como se parece esse candidato? Sem saber como ele é, como o identificar quando o vir?

Trago esse questionamento em confronto direto àqueles que dizem que anularão o voto por não ter “alguém que preste”. Afronto também os que afirmam serem os políticos todos iguais. São iguais a quê, em que, a quem?

A atividade política vem sendo pervertida ao longo do tempo, afastando-se totalmente do que deveria ser. O professor Clóvis de Barros Filho nos apresenta um conceito de política muito interessante, que diz: “a política é o debate sobre compatibilizar interesses contraditórios no sentido da melhor convivência possível”.

É fato que viver em sociedade requer habilidades relacionais, pois são muitos desejos diferentes coexistindo no mesmo ambiente e dependendo dos mesmos recursos. Àqueles que se propõem mediar relações sociais, papel principal dos mandatários políticos, é fundamental que essa habilidade prepondere sobre todas as outras. Saber negociar em prol do atendimento dos interesses dos que lhe votaram, não apenas de seus próprios, deve ser o principal norteador de sua atividade enquanto representante escolhido pelo povo.

Mas será que esse critério sobressairá entre os que serão usados pelos eleitores para definir o voto no próximo dia 05 de Outubro? Caso não seja o balizador, quando a campanha passar lá estará novamente o eleitor sem quem trabalhe para compatibilizar seu interesse com uma vida melhor.

Suponho não ser aquele que distribui mais gasolina, ou meia dúzia de dinheiro, ou cavaletes nas ruas, santinhos pelas calçadas, sorrisos em fotos e vídeos, que ostente essa capacidade de lutar pelos interesses de quem lhe confiou o voto. Estes que se baseiam na encenação pura, na comercialização de apoios e sufrágios, certamente não titubearão em votar uma matéria, uma lei, um projeto que possa prejudicar o povo, desde que ganhem seu quinhão.

O verdadeiro político exerce sua atividade todos os dias de sua vida, com ou sem mandato. Ele está sempre disposto a lutar pelos interesses dos que lhe necessitam de apoio e ação. O resto, que pulula no horário eleitoral, são apenas “atores de campanha” em busca de um troféu, um emprego com boa remuneração e poder para dar voz aos seus desejos. Aparecem, somem e reaparecem durante as eleições e, ganhando ou perdendo, passam quase quatro anos sem olhar o eleitor nos olhos ou responder suas indagações.

Não se deve confundir a política e os políticos com a guerra de interesses particulares e “atores de campanha”. Também não é inteligente a afirmação de que “a política é sempre assim”, pois estaria confirmando que somos, todos que não agimos ou concordamos com isso, massa indefesa de manobra.

Admito que sejamos, na maioria, lenientes e preguiçosos quando o assunto é política. O que é um equívoco imperdoável, visto a violência e carestia do mundo em que vivemos. Mas não somos agentes passivos neste processo! Podemos mudar tudo, de uma vez, caso assim desejemos e para isso nos empenhemos.

Espero que antes de tomar sua decisão no dia 5 de Outubro haja reflexão e ponderação quanto ao que está realmente em jogo no momento do voto. Não simplesmente a propaganda, os sorrisos, as promessas devem ser seu guia para escolher o candidato certo. Pesquise, conheça, questione quem for pedir seu voto, obrigue-os a fazer por merecer te representar nos próximos quatro anos. Lembre-se: sem um bom representante seus interesses sempre serão derrotados, na luta diária pela felicidade.

Marcos Marinho
Professor e analista político

Apresentador do programa CONTRADITÓRIO

sábado, 16 de agosto de 2014

Eleição ou concurso de popularidade?

Existem vários fatores que norteiam a participação popular no pleito eleitoral e na decisão de voto, mas infelizmente parece que estamos participando da forma errada.

Considerando o processo eleitoral que estamos vivendo, assim como todos os anteriores, podemos perceber, ao olhar com um pequeno distanciamento das passionalidades políticas, que não estamos produzindo um sistema de escolhas que consideram habilidades e competências como captadores de votos, mas popularidade.

Observando todas as pesquisas veiculadas nos meios de comunicação, incluam-se as pré-eleitorais e também as mais recentes, desde o primeiro momento tivemos a confirmação de que os eleitores em suas manifestas intenções de voto não estavam avaliando propostas ou competências pertinentes ao atual momento histórico, político e econômico que vivemos, mas o simples recall de marca deixado pelo candidato A ou B.

Não é possível o eleitor decidir seu voto nas eleições de 2014 antes de conhecer, confrontar e se convencer de que as propostas e capacitações do candidato A ou B são melhores que as dos candidatos C, D ou E. Não se o critério adotado for a resolução de problemas atuais e a capacidade de conduzir ações que otimizem e melhorem nosso Estado.

O que foi feito por alguém em tempos passados, e não importa se foi há 20 ou 4 anos, não é garantia para o que efetivamente fará nos próximos quatro. Ao analisar o perfil do candidato, mais do que reconhecer seus feitos de outrora, precisamos avaliar se ele possui atributos suficientes para vencer os desafios atuais e futuros. Todo material se desgasta com o tempo de uso e aparentemente não consideramos essa premissa básica na hora de escolher as fundações que usaremos para construir nossos próximos anos.

Consentindo então que os eleitores estão menos ligados nos projetos e nas capacidades do candidato para enfrentar os desafios que este terá pela frente e mais na batalha de produções audiovisuais e repercussões nas mídias impressas das imagens produzidas pelas grandes estruturas de campanha, continuaremos acompanhando a tradicional disputa de popularidade entre candidatos que fazem parte da história dos pleitos eleitorais deste estado, e que há mais tempo descobriram os caminhos para se assentarem nos tronos do poder político e partidário.

Quanto aos demais candidatos, penso que precisam conhecer uma regra básica que usamos nos mercados empresariais e que se adequa perfeitamente ao pleito eleitoral: “se você não é o maior, precisa ser o mais ágil, se não é o mais forte, precisa ser o mais inteligente.”

Marcos Marinho
Professor e Analista Político
Apresentador do Programa CONTRADITÓRIO

@mmarinhomkt

quarta-feira, 16 de julho de 2014

Campanhas nas ruas

Começou o período eleitoral de 2014, momento onde os eleitores brasileiros serão procurados, assediados e bombardeados pelas ferramentas de comunicação eleitoral usada pelos candidatos. Em grande parte, muito mal utilizadas, diga-se de passagem.

Na ânsia de cooptar o maior número de votos possível, a fim de conquistar um mandato em 2015, candidatos de todas as agremiações partidárias colocarão suas estratégias de campanha nas ruas. Veremos candidatos com gigantescas estruturas, e milionários orçamentos, e centenas de campanhas modestas estampadas com nomes desconhecidos que, em grande parte, continuarão desconhecidos após o pleito.

Apoiados em modelos políticos defasados, e principalmente em paradigmas comunicacionais e eleitorais que não mais representam a realidade dos eleitores de 2014, muitos candidatos incidirão em erros grotescos que lhes renderão, ao invés de votos, enorme rejeição. O valor do voto é efêmero, já disseram os estudiosos, mas o não voto é sempre mais barato.

Sem planejamento e conhecimento técnico das formas e possibilidades de uso das ferramentas de comunicação eleitoral, pois em sua maior parte as campanhas não contam com profissionais de comunicação e marketing político em suas equipes, os candidatos usam e abusam de materiais de campanha com intuito de impactar seus possíveis eleitores e conquistar-lhes o voto. No entanto, os erros e excessos cometidos nas campanhas tem grande poder de causar ojeriza e perda de votos.

Carros de som com volumes exagerados, jingles irritantes, excesso de santinhos jogados nas casas, caixas de correios e ruas, adesivos pregados em bens particulares sem autorização, excesso de mensagens nos celulares e telefones, e mais uma série de erros cometidos pelas equipes de campanha poderão prejudicar diretamente os candidatos por elas representados.

Neste ano também teremos, ainda mais forte, a utilização das redes sociais para disseminação das mensagens - outro ponto que tem forte potencial para irritar os eleitores, e fazer com que os candidatos ganhem uma contra-militância aguerrida e agressiva disposta a combatê-los voluntariamente. Esse canal é bi-lateral.

Cabos eleitorais que não sabem pedir, nem justificar, votos para seu contratante, campanhas de rua que são destoantes das campanhas digitais, falta de compreensão dos anseios dos eleitores, de suas capacidades intelectivas e canais usados para acessar mensagens políticas são fatores que exporão a ausência de planejamento e compreensão dos candidatos goianos sobre o que é fazer uma campanha eleitoral embasada em conceitos de marketing.

As falhas de campanha não tem relação direta com ausência de recursos financeiros. Vemos campanhas milionárias protagonizando erros absurdos, e campanhas modestas atuando com muita técnica e assertividade, fatos que podem contribuir, e contribuem, para que nem sempre o candidato mais rico seja eleito.

Bom, a partir de agora e até 05 de Outubro teremos contato com todos os tipos de candidatos e linguagens de campanhas, umas boas e outras ridículas, mas certamente precisamos observá-las, compreendê-las e usá-las para decidirmos nosso voto de forma consciente e inteligente, pois as campanhas passam e seus resultados ficam, pelo menos, por 4 anos.

Marcos Marinho
Professor e Analista Político.
Apresentador do Programa CONTRADITÓRIO.

@mmarinhomkt.

quinta-feira, 10 de julho de 2014

Polarização, de novo!?

Começou o período eleitoral deste ano, desde 06 de Julho as campanhas estão liberadas para ganhar as ruas. Talvez por vivenciarmos as emoções da Copa do Mundo no Brasil, e por ser a reta final, eleitores e campanhas ainda levarão um tempo para se encontrar pelas ruas das cidades, embora nas redes sociais algumas mensagens e materiais já tenham começado a ser disseminados.

Nos meios de comunicação tradicionais, como já vinha acontecendo de modo mais esparso, os temas eleitorais já ganham as manchetes diariamente. Com a costumeira divulgação de resultados de pesquisas de intenção de votos, jornais garantem sua demanda ao anunciar os números que destacam as atuais impressões do eleitorado e suas tendências de voto.

Na pesquisa Serpes/OPOPULAR divulgada nesta semana, os eleitores puderam constatar algo que já vinha sendo comentado em todas as rodas de conversa sobre política, pelas ruas de Goiás: a polarização entre os nomes de Iris Rezende e Marconi Perillo, os dois maiores rivais políticos do Estado, continua.

Sem entrar nas questões numéricas, o que mais chama a atenção é vermos novamente a reprodução de um cenário que persiste desde 1998, em que Iris e Marconi lutam pela mesma vaga. O fato fica ainda mais chamativo quando lembro das manifestações populares de 2013, onde milhares foram às ruas para gritar pelo novo e afirmar que não se sentiam representados pelos políticos que estavam no poder.

Detentores do poder, diretamente ou através de seus grupos, pelos últimos 32 anos, Iris e Marconi não podem ser encarados como “novo”. Talvez esse seja o maior desafio de suas campanhas: encontrar alguma novidade que justifique mais 4 anos de mandato para um dos dois.

Pensando no grito pelo novo, ecoado pelas ruas no ano passado, tento entender os números manifestados no resultado das últimas pesquisas que mantem a tradicional polarização entre os dois principais candidatos ao governo goiano. Será apenas um reflexo do nível, inconteste, de conhecimento por parte dos eleitores sobre esses dois nomes? Será que ainda representam em algum nível os anseios do povo? Será que a falta de visibilidade e de conhecimento sobre outros candidatos faz com que as escolhas continuem no patamar do conhecido ante ao desconhecido?

O fato é que os demais candidatos ao Palácio das Esmeraldas: Vanderlan Cardoso(PSB), Antônio Gomide(PT), Marta Jane(PCB), Alexandre Magalhães(PSDC) e Weslei Garcia(PSOL) precisam agilizar seus projetos de campanha, otimizar seus recursos e causar algum impacto no cenário eleitoral caso desejem ocupar espaço nas mentes e corações dos eleitores, para então se apresentar como uma opção capaz de quebrar a polarização existente até o momento.
Marcos Marinho
Professor e Analista Político
Apresentador do Programa CONTRADITÓRIO

marcos@mmarinhomkt.com.br

*Imagem da internet

terça-feira, 24 de junho de 2014

Eleitor fiel


O pleito de 2014 se avizinha e os palanques eleitorais já começam a ser montados, inicialmente em meio a grupos sociais, entidades de classe, instituições públicas e, principalmente, templos religiosos.

A batalha pela cooptação dos votos dos fieis é generalizada. Templos evangélicos e igrejas católicas, cultos e missas, ternos e batinas são imiscuídos na estratégia política de grupos de poder, a fim de favorecer seus escolhidos.

Mesmo entendendo que os templos são locais apropriados para se falar sobre política - falar sobre todos os assuntos que regem a polis, a cidade, e nossa convivência enquanto sociedade - acredito que não devam ser usados como palanque para politicagens e encabrestamento de eleitores.

Poucas são as igrejas, católicas ou protestantes, que levantam bandeiras perenes em prol dos seus cidadãos-fieis e dedicam-se a politizar seus membros a fim de não deixá-los como ovelhas na presença dos lobos políticos - e não permitir que sejam usados apenas para saciar a fome de poder e riqueza de alguns.

Avalio que o título de pastor ou padre, por si só, não capacita alguém para ocupar uma cadeira no legislativo ou executivo. A escolha da cúpula eclesiástica, ou mesmo a decisão isolada e motivada por interesses particulares de padres e pastores, não deve ser a base usada por um eleitor para tomar sua decisão de voto.

Reconheço a necessidade das correntes religiosas terem seus representantes políticos, mas condeno quando isso suprime o intelecto das pessoas e se calca apenas na mística espiritual que levanta “ungidos” para receber votos, sem que este abençoado consiga por ele mesmo, por suas propostas e condutas, conquistar a mente e o coração dos eleitores fiéis.

Não julgo as religiões, ou faço juízo de valor sobre rituais e crenças, porém não posso calar-me frente a algumas práticas inescrupulosas que visam beneficiar projetos particulares, sobrepujando pessoas e se valendo justamente do que lhes é mais caro, sua própria fé.

O livro sagrado traz em si a seguinte mensagem: “conheceis a verdade e a verdade vos libertará” (João 8:32), sendo assim, espero que neste pleito os líderes espirituais exerçam seus ministérios para expor a verdade sobre os interesses políticos de seu grupo, a verdade sobre os candidatos que decidiram “ungir” e não se valham de artifícios, mitos, medos, ameaças ou versículos com números subliminares na tentativa de cooptar votos.

Seja um eleitor fiel, mas seja fiel apenas à sua consciência, sua racionalização das propostas e condutas daqueles que lhe pedirão o voto. Não diga amém ao líder religioso que tenta lhe catequizar sem ao menos explicar os motivos que o levaram a proclamar o escolhido. Seja livre para fazer suas escolhas e tenha coragem para arcar com os resultados delas.

Marcos Marinho
Professor e consultor político

@mmarinhomkt