Espaço destinado ao registro das percepções críticas de um cidadão brasileiro sobre política, comunicação, comportamento e demais assuntos pertinentes à sociedade contemporânea.
Uma visão técnica do ponto de vista do marketing e apaixonada do ponto de vista humano. Leia, critique e replique à vontade!

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Já dizia Maquiavel - Estratégias nada novas para escândalos sempre atuais


Já dizia Maquiavel

A relação entre o povo e a política pauta-se por alguns fatores que invariavelmente moldam as ações e reações de ambos os lados. Destaco: necessidades, desejos, medo e confiança.
A relação com os desejos e as necessidades manifesta-se na velha prática do escambo entre propostas e votos. Os políticos surgem com suas propostas e promessas, e o povo, a partir de suas necessidades e desejos, troca seu voto pela aspiração de saciar suas demandas. Fatalmente essa relação influenciará direta ou indiretamente nos outros fatores, elencados logo acima, visto que proposições não cumpridas podem incorrer na perda da confiança instaurada entre eleitor e candidato.
Quanto ao medo e à confiança, estamos passando por uma revolução destas relações, invertendo papéis e obrigando as partes a adotarem novas posturas e estratégias no intuito de equalizarem as energias despendidas por ambos os lados.
Sobre o medo, e refiro-me ao medo de perseguições e de medidas que prejudiquem a coletividade, podemos perceber uma inversão de posições, pois boa parte da população encontra-se menos oprimida em sua clausura social, apartada do mundo das informações e dos direitos, passando a poder manifestar seus dramas para os quatro cantos do mundo pela internet, e pelas mídias que se vêem obrigadas a divulgar os fatos com maior fidelidade, por serem confrontadas pelos fiscais da verdade - os próprios envolvidos nos fatos e que agora também produzem e editam seus conteúdos – transferindo assim o temor, para o reverso da moeda.
São agora os opressores que precisam lidar com a possibilidade de se verem enredados em crises capazes de ocasionar-lhes terríveis pesadelos, são os amedrontadores que passaram a temer grampos, arapongas, passarinhos tuiteiros e demais artimanhas populares de mobilização e revolta.
A questão da confiança, que perpassa todas as outras citadas neste texto, rege-se pelo gangorrear de informações e desinformações que circulam pelos canais oficiais ou não de comunicação. Com a exposição ostensiva de todos os atores políticos, ora propositais, ora inadvertidamente, pode transmutar seguidores em perseguidores, aliados em algozes e caçadores em caça diante dos olhos inquisidores dos votantes da nação.
Na esfera política, onde seus players são cada vez mais obrigados a conviverem com múltiplos olhos sobre suas condutas, apoios e abstenções, um passo mal dado, uma fala fora de hora, um afago na cabeça errada pode custar arranhões de credibilidade que fatalmente doerão lancinantemente nas urnas.
Em tempos de CPMI X Mensalão, de cachoeiras pluripartidárias que deságuam em cargos públicos, veículos de comunicação, empreiteiras, e se aprofundam nos três poderes, também surge o jogo do ”quem desiste primeiro”, onde todos querem acusar, na tentativa de intimidar os oponentes fazendo-os cessar suas investidas. Sendo assim, vemos acusados querendo ser acusadores, usando suas siglas para instaurar ou presidir comissões de inquérito, se antecipando aos oponentes e pedindo esclarecimentos aos seus apaniguados, atos que para alguns, são mais estratégias de defesa do que realmente indignação e busca pela verdade, talvez uma adaptação do famoso cavalo de tróia, que carregava em si a estratégia para derrubar as defesas do oponente.
Reforço meus apontamento com os dizeres de um dos maiores estrategistas políticos da história da humanidade, Nicolau Maquiavel, que, em uma época de impérios monárquicos, teve a lucidez de postular estratégias para manutenção do poder, o qual sabemos também ser objetivo primário dentro da política. Chamo uma reflexão que pode deixar várias pulgas atrás das orelhas de nosso povo, mas que certamente se faz importante, pois já estamos todos cansados de pizzas e fumaça. Disse: “Quando precisa, até o diabo passa por santo!”

Marcos Marinho
Consultor e professor de Marketing Político.
twitter: @marinhomkt

terça-feira, 24 de abril de 2012

Desistiu-se de ensinar a pescar? - Governos assistencialistas e sua geração de vagas ociosas no mercado de trabalho.


Desistiu-se de ensinar a pescar?

Em atendimentos ao mercado empresarial, através de minha empresa de consultoria, tenho partilhado das agruras enfrentadas pelos empresários, geradas em sua maior parte por políticas equivocadas e impostos acochantes, praticados pelos governos.
Dentre as demandas que me são trazidas durante os atendimentos, destaca-se sobremaneira a falta de mão-de-obra. Entendam que não me referi à mão-de-obra especializada, pois é claro que essa também é escassa, falo de trabalhadores sem qualificação técnica, destreinados, com conhecimentos primários que possuam em si simplesmente o desejo de conquistarem seu sustento de maneira digna, através do esforço e da dedicação pertinentes aos trabalhadores dessa nação.
Sabemos que temos praticamente dois caminhos para suprimir a carência de profissionais dentro das empresas: treinamos e formamos ou buscamos no mercado. O problema é quando esse profissional não está disponível ao mercado, quando não encontramos pessoas ávidas pelo crescimento pessoal e profissional, e dispostas a serem treinadas e preparadas para incorporar as frentes de trabalho. Quando a maior dificuldade das empresas reside, não na disponibilidade para treinar, mas na inconteste ausência de pessoas interessadas em ocupar os postos disponíveis de trabalho, surge uma questão: Como se explica a relação entre o excesso de vagas ociosas no mercado de trabalho, e mais uma vez reforço que cito as vagas que não exigem experiência ou capacitação técnica, e o excesso de “bolsas” e políticas assistencialistas custeadas pelo dinheiro público?
De antemão deixo claro que não sou contrário às ações que visam proporcionar condições melhores de vida aos carentes e necessitados, levanto este questionamento por perceber que na prática esse critério é bastante distorcido e, portanto, além de não acessar a todos os carentes e necessitados, também cria uma massa de “ociosos remunerados” que vêem na dependência contínua dos cartões distribuídos pelo governo uma forma de renda mais fácil e menos extenuante que o bater ponto em obras ou no chão de fábricas e oficinas mecânicas.
Obviamente que muitas pessoas são dependentes das ações sociais a revelia de suas vontades, possuem limitações de outras ordens que realmente as impedem de ocupar um posto de trabalho e que, infelizmente, são obrigados a compartilhar as verbas assistencialistas com pessoas que se escondem nas brechas do sistema, na falta de fiscalização dos programas e até na articulação espúria de políticos que fraudam as listas de destinatários destes recursos.
Contrasensual é a palavra que me surge ao analisar este cenário. Em um país onde políticos de todas as siglas, apresentam mais e mais “bolsas” alegando uma necessidade de inclusão social das pessoas que vivem à margem da sociedade, ou simplesmente porque esse tipo de bandeira agrega votos, viver uma crise de mão-de-obra em vários, se não todos os segmentos da indústria e comércio, me parece paradoxal. Apoio-me em informações colhidas em reuniões com diversos empresários de vários segmentos, de contatos com representantes de instituições como o IEL e SENAI, de leituras nos periódicos e acompanhamento diário de toda mídia.
Não prego a extinção do apoio aos carentes, nem condeno as iniciativas governamentais de inclusão social e melhora das condições básicas de vida para esses brasileiros, suscito sim a reflexão sobre a necessidade de equalização de esforços, onde toda “bolsa-sei-lá-o-quê” sirva de fonte de cadastro, fiel, para direcionar seus beneficiários em condições produtivas aos postos vagos dentro das empresas que geram grande parte do custeio destas mesmas bolsas, através de seus impostos pagos. Temos visto que políticas assistencialistas carregam em si benefícios que acarretam, em muitos casos, o esvaziamento das filas de emprego e dos cadastros profissionais, gerando uma massa de “ociosos profissionais” que ao fazerem a soma dos saldos nos cartões de programas assistencialistas percebem aí um “emprego” com melhor custo-benefício que o oferecido pelas empresas.

Marcos Marinho
Consultor no projeto Empreender do SEBRAE-GO
 e professor de marketing na Faculdade Alfa.
@marinhomkt
mmarinhomkt.blogspot.com.br

domingo, 22 de abril de 2012

Existe trigo sem joio? - como acabar com o mal infiltrado nas fileiras do bem.


Existe trigo sem joio? - Como acabar com o mal infiltrado nas fileiras do bem.


Observando nossa sociedade subdivido-a em vários segmentos, destaco: dos poderosos e oprimidos, dos corruptos, corruptores e corruptíveis, dos alienados e contestadores, dos atuantes e omissos, e mais alguns por aí. Acredito que, como prega a sociologia, todos representamos personagens, muitas vezes distintos, que transitam entre os grupos, desempenhando algumas vezes papéis antagônicos, de acordo com a necessidade e representatividade adquirida ou outorgada.
As participações dentro dos grupos são motivadas pelos impulsos pessoais, que impelem reações diante das situações vividas. Já foi constatado que o comportamento do homem, quando em grupo, altera-se, saindo do padrão normal de reação e partindo para uma sensação de poder e anônimidade capaz de permitir atos de “coragem”, que caminham em uma tênue linha que separa a legitimidade das ações da violência e do vandalismo. Torcidas organizadas, movimentos sociais, e aí abro um leque sem fim: Marcha contra corrupção, MST, Movimento fora Marconi, Marcha da maconha, Movimento ficha limpa, e todos que congregam um sem fim de ideologias. Aponto também os partidos políticos, funcionalismo público, instituições de ensino, igreja católica, igreja protestante, muçulmanos, judeus, enfim, qualquer grupo que congregue pessoas de diferentes idades, classes sociais, níveis de educação e formação ocultos em multidões de iguais, partilhando das mesmas funções. Quando, conjuntamente, as manifestações praticadas por algum desses grupos, manifestações legítimas advindas de grandes esforços de mobilização, objetivando subjugar desmandos ou simplesmente propagar sua crença ou torcer por seus afetos, são promovidas barbaridades, violências, preconceitos, vandalismo, crimes e contravenções. Vemos um batalhão de alheios ostentando discursos de extinção, propalando palavras que tendem a desmoralizar todo o movimento, toda a instituição, abalar todas as crenças. Surgem então as perguntas: Sacrifica-se o corpo que apresenta um câncer, ou extirpa-se o câncer e trata-se o corpo para que não haja recaídas? Elimina-se toda uma ideologia, uma paixão, uma instituição, ou expurgam-se os que mancham suas bandeiras?
Tratar o efeito em lugar da causa, em nenhuma circunstância, se revela a melhor estratégia, perder as esperanças frente aos desapontamentos, ás decepções ocasionadas por lobos travestidos de cordeiros que se infiltram nas fileiras dos bem intencionados, simplesmente enfraquece a oposição aos maus e corrobora com a desconstrução do melhor ideal comum. Além, é claro, de não resolver os problemas. Extinguir torcidas organizadas, acabar com as igrejas e religiões, prender todos os descontentes, deixar de votar ou, mais radicalmente, odiar a política, não resolve todos os desapontamentos que temos sofrido, que vemos estampando as mídias que nos chegam diariamente. Sem trabalhar a raiz dos problemas, sem cuidar da formação dos cidadãos que se sucedem na interpretação dos papéis sociais, envolvidos em tudo o que partilhamos enquanto sociedade, nada mudará.
Não sei se existe trigo sem joio, mas tenho certeza de que ambos podem ser separados mediante o trabalho árduo e algumas pancadas que servirão para desprender do nosso trigo - nossos sonhos, objetivos, crenças e paixões - toda erva daninha que tenta manchar nossas batalhas diárias. Conclamo aos leitores deste texto que propaguem de hoje em diante não apenas suas convicções, mas também uma certeza inconteste de que os maus não superarão os bons, de que o diálogo franco e envolvente é mais eficaz que as imposições e a violência, e de que a educação é o alicerce para um mundo melhor onde nunca calarão nossas vozes!  

sexta-feira, 20 de abril de 2012

CPI - Hora de apertar o "botão vermelho"!


Hora de apertar o “botão vermelho”!

Comissão Parlamentar de Inquérito, ou CPI, é uma sigla que os brasileiros acostumaram-se a ouvir e ver estampadas em toda mídia. Todos sabem seu significado e infelizmente já estigmatizaram seu resultado prático, nenhum. Imagem negativa para uma comissão que deveria se revestir de toda credibilidade possível, de uma aura de transparência e seriedade que fizesse os mais céticos quanto à política vibrarem ao escutar o som pronunciado de suas letras. No entanto, vemos sucumbir seu brilho, entre outras coisas, às sombras projetadas em si pelo nebuloso passado de seus próprios representantes.
A credibilidade de uma instituição investida de tanto poder enverga-se ante o peso do histórico político, negativo, de muitas figuras integrantes de suas tribunas, além de ter, como seu, um compêndio de resultados evasivos, ineficazes e improdutivos que ficaram irônica e gastronomicamente definidos como pizzas. O eleitor, ao olhar a relação de componentes desta comissão inquiridora da verdade, da moral e da ética, tem sob seus olhos figuras que, em um girar de pleitos, passaram do banco dos réus, ou que ainda estão nele mesmo que engavetados entre pilhas de processos em ritmo letárgico, ao posto de juízes do alheio.
Como prospectar alguma expectativa de credulidade para uma CPI onde seus “magistrados” foram impeachmados, caçados, arrolados em escândalos ou associados a práticas condenáveis política e juridicamente? Como não contestar os interesses reais deste espetáculo político-eleitoral-midiático, se o próprio carrega odores de outro momento vergonhoso de nossa historia política em vias de ser, finalmente, julgado?
Oposição, situação, população, parece que em momento oportuno, algum desses lados deve acionar o botão vermelho e mandar tudo pelos ares, acabar com esse castelo de mentiras e acusações que, de modo algum, pretende contribuir para o desenvolvimento ético e crítico deste país. Talvez à população de fato caberia o direito de apertar esse redentor “botão vermelho”, assumindo seu papel de justiceiro alheio a CPI’s de fachada, às estratégias calhordas de políticos preocupados em destruir oponentes por sentimento revanchista, em tirar de seus caminhos as pedras que lhes impedem de lucrar mais sobre os cofres da nação, e aplainar o Planalto promovendo uma possibilidade de recomeço.
Esse botão existe, mas não é vermelho! É um botão verde com a palavra: CONFIRMA, e aciona um dispositivo capaz de eliminar das Câmaras, Assembléias e Palácios todo lixo político e social que se esconde por de trás de mandatos mal concedidos. De fazer de forma pacífica uma dedetização moral capaz de deixar a casa realmente limpa, pronta para novos moradores, moradores que deverão, sob pena de serem despejados, executar com rigor as atribuições que nós, seus senhorios, necessitamos e exigimos.

Marcos Marinho
@marinhomkt

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Se os jornais não publicam, vai pro blog! - A política e a arte do ilusionismo


A política e a arte do ilusionismo

Agora você vê, agora não! Esta frase é célebre entre aqueles que se encantam pelas artes fantásticas dos mágicos e ilusionistas que deslumbram platéias em vários cantos do mundo. Tristemente quase não temos nos dias atuais as grandes lonas circenses percorrendo as cidades de nosso Brasil.
A arte do ilusionismo proporciona aos espectadores uma experiência fantástica, produz surpresas e encantamentos, justamente por transmutar nossas expectativas em algo inusitado. Sabemos que o sucesso de um número de ilusionismo depende completamente da desatenção dos espectadores, do piscar dos olhos, do ofuscar das luzes que entorpecem os sentidos da platéia no momento exato, e durante o tempo necessário, para que o truque se complete.
Não obstante podemos encontrar na política grandes atos de ilusionismo. Neste caso, somente se não piscarmos ou deixarmos nossos olhos se ofuscarem com pirofagias e pirotecnias, perceberemos as manobras midiáticas que tentam minar nossa expectativa de vermos respondidas nossas inquisições, transformando-a em luzes, fumaça e lama para encobrir escândalos, transformando-os em novos escândalos.
Quando o povo, impassível na platéia dos acontecimentos, com seus olhos e sentidos ávidos pelo desenrolar do número político, pelo desvendar de todo mistério, acredita ter chegado ao clímax do espetáculo - boom, flash, click, clap - mais uma série de sons e luzes, de gritos e sussurros que fazem percorrer entres as fileiras de atônitos uma nova expectativa: será um novo espetáculo?
Não, o espetáculo continua. As luzes, fogos e fumaça apenas ajudam aos atores do primeiro ato a saírem coxia adentro, dando lugares aos novos atores, àqueles que os substituirão sob as luzes da ribalta, e neste momento nossa platéia já não mais se lembra do ato antecedente.
Neste cenário político dirigido por sagazes diretores, que tem ao seu dispor toda parafernália midiática, econômica e jurídica que lhes permitem tocar o magistral número de ilusionismo é que a ilusão se manifesta.
Como explicar o desaparecimento de mensaleiros que há bem pouco tempo se contorciam para escapar de correntes e cadeados, antes de serem defenestrados pela mídia, nos palcos das CPIS brasilienses, e que se valeram de uma cachoeira pirotécnica que inundou os palcos e lhes deu a oportunidade de serem substituídos por senadores, governadores, deputados, vereadores, empreiteiros, arapongas, e todo um séquito de funcionários públicos e outros “bichos”? Ilusionismo? Estratégia? Artimanhas que favorecem ao espetáculo político, que obscurecem e entorpecem os sentidos da nação, e lhes permitem prosseguir com seus shows espúrios, com suas cobranças indevidas dos tickets (votos) pagos pelo povo brasileiro, a fim de participarem deste espetáculo de engodos, permanecendo como ludibriados que, em um momento estão vendo, e no outro, não.

Marcos Marinho
Consultor e professor de marketing político.
@marinhomkt

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Verdades e versões

Verdades e versões - A esquizofrenia social

É costumeiro vermos editoriais jornalísticos sendo contestados, sendo em si contrastantes com informações disseminadas, muitas vezes, pelos próprios personagens envolvidos no fato noticiado.
Quando uma verdade, com sua presunção redentora e/ou inquisidora, resolve discordar da sua versão "oficial", aquela trabalhada pelas canetas estrategistas, pelas teclas de computadores que estão sob a batuta de maestros oficializados em seus cargos pelos donos do Poder, surge a esquizofrenia  social.
Como esquizofrênicos, nós o povo alimentado pelas verdades e versões disseminadas pela mídia, passamos a ostentar bandeiras, demonizar indivíduos e até desconfiar do que está ali, bem a frente de nossos olhos. Acreditamos piamente nas letras garrafais dos periódicos, nos discursos televisionados e nas propagandas majestosas com bandeiras flamulando e crianças sorrindo, independente de também termos assistido a olhos nus: caras pintadas, gritos de ordem, apitações e narizes vermelhos marchando contra cachoeiras de escândalos.
Infelizmente ainda não possuímos remédio para esta enfermidade, não há cura para esse tipo de esquizofrenia , não há cura capaz de descortinar a verdade, e iluminaria suas versões, dissipando suas sombras e mostrando a quais interesses representam. Ou há? Não seria esta afirmação apenas mais um delírio que implantaram e nossas mentes? 
Temos novos olhos sobre os fatos, milhares de olhos que lançam nas redes mundiais, de maneira crua, suas verdades. Se essas verdades também são, em si mesmas, versões que apenas partem de prismas diferentes, impregnadas de crenças e interesses, pelo menos nos apresentam novas versões além das "oficiais". Novas versões também não curam nossa esquizofrenia, mas nos dão novas possibilidades para construirmos nossos delírios, com fragmentos de verdades, até entendermos como devemos agir, antes de simplesmente avalizarmos outra verdade que não a nossa. 

Marcos Marinho

domingo, 15 de abril de 2012

www.não estamos de mãos atadas.com.br


www.não estamos de mãos atadas.com.br - Uma utilização social e política das redes sociais.



Dia 14 de Abril de 2012 ficou marcado na história goiana como o dia em que a população, em especial os jovens, entenderam para que servem as "REDES SOCIAIS"!
Com a manifestação social intitulada "Fora Marconi", valendo-se das redes sociais como sua principal estratégia de comunicação, pode-se perceber que sites de relacionamento como Facebook e Twitter não servem apenas para exposições do ego, viralização de memes cômicos e desabafos que ficariam melhores em diários engavetados. Essa utilização bélica das redes sociais já apoiou outros movimentos, em outras partes do Brasil e do mundo, no entanto compreendo como sendo este o marco da evolução política, social e tecnológica do povo goiano. 
Parabenizo os idealizadores desta empreitada, bem como todos os participantes que se colocaram em marcha diante do Parthenon do poder estadual, impelidos por suas crenças, seus desejos de mudança e respeito. Afirmo minha fé na boa utilização das ferramentas digitais, na contribuição ativa e sistemática da população sobre os temas que lhes são relevantes, na liberdade para as vozes que destoam de uníssonos emplacados pelos veículos de massa, que sabidamente acertam suas versões da verdade de acordo com seus interesses e necessidades.
No universo de www's não existem algemas e mordaças, e portanto somo todos produtores de "verdades", fiscais de "versões" e generais aptos a coordenar exércitos de internautas ávidos por mudar as estruturas que encaixotam o mundo nas telas de vidro da mídia tradicional.



sábado, 14 de abril de 2012

Esse é o artigo do O Popular, na íntegra.


Homem X Herói – Uma busca fora de si.

Após várias leituras e muito refletir, constatei que indiferente ao meio, cultura, educação ou renda, o ser humano vive uma busca por representações heróicas das virtudes consideradas ideais, onde possa repousar sua fé, esperança e sonhos, de preferência que o permita repousar também a consciência de que por ser apenas humano, falho, e pecador, não poderia ser o ostentador de tais virtudes.
            Imputar a alguém a responsabilidade de ser integro, honesto, caridoso, corajoso, implacável com os maus, justiceiro tenaz das causas dos humildes, detentor de uma moral ilibada e, portanto imaculado pelas mentiras e tramóias que são pertinentes aos meros mortais, nos alivia a consciência.
Buscamos depositar nossa cômoda consciência coletiva nas mãos de líderes religiosos, personalidades famosas e até, pasmem, políticos. Isso fica mais claro quando vemos midiatizada a queda desses ícones, do que quando os consumimos diariamente através de telas de vidro, papéis, ondas sonoras ou presencialmente. Sentimo-nos tão aviltantemente traídos quando percebemos no alvo de nossas idealizações o resquício de humanidade, da passividade de erro, que passamos de seguidores a perseguidores em fração de segundos, ou como suscitam as novas tecnologias: numa atualização da timeline.
Atualmente o que mais tem-me feito refletir é a passividade frente aos absurdos sociais, que nos são entregues pelos meios de comunicação ininterruptamente, e a demonização que nos achamos no direito de propalar sobre tudo e todos que se valem de artifícios escusos em benefício próprio. Não sou adepto da “Lei de Gerson”, como não me julgo baluarte da moral e honestidade. Apenas avalio que, enquanto homem, não sou capaz de julgar minha conduta em relação a situações que não vivenciei, e dessa forma não me sinto confortável para acender o pavio da inquisição de outro mero ser humano.
De forma alguma concordo com a condescendência e a impunidade sobre erros cometidos, desvios de conduta, prejuízo à coletividade, crimes e abusos de qualquer ordem. Acredito na justiça, na investigação isenta de interesses secundários, na apuração rígida dos fatos e do direito de defesa nos casos em que a culpa não se comprova de forma irrefutável.
O que me trouxe a esses questionamentos, em partes se relaciona com os últimos acontecimentos no cenário político de nosso estado de Goiás, bem como vários outros no Brasil, em partes com a banalização da fé, substituída pela guerra declarada entre líderes religiosos, em partes pelo esforço de pequenos grupos em arregimentar pessoas que lutem ativamente nas fileiras das ONG’s e instituições que ostentam bandeiras como: “Brasil sem corrupção” e “Ficha limpa”.
Principalmente o que me fez escrever esse texto foi o fato de ver nos olhos de muitas pessoas, de ouvir vários discursos de ordem, ler muitos post’s e twittes, carregados de tanto rancor e amargura, e, ao mesmo tempo, isentos da percepção de si próprios, de suas atitudes corruptas e escusas, de quem sonega impostos, oferece propina para não ser multado no trânsito, se recusa a fazer o teste do etilômetro, não respeita a faixa de pedestres, os assentos preferenciais, as vagas para deficientes, os próprios deficientes, que busca um cargo comissionado em um gabinete político por apadrinhamento, cola na prova, dissemina inverdades e maldades, não respeita os idosos, seus professores e pais, e uma infinidade de atos cotidianos que não caberiam em um só artigo.
Definitivamente o que me ajuda a compreender todo esse comportamento social, é o fato de não sermos Heróis, e de ainda continuarmos admitindo que simples humanos não sejam capazes de equalizarem seus defeitos e qualidades a ponto de prevalecerem as qualidades, e essas qualidade suplantarem a ganância e o desejo de sobrepujar o próximo, nos permitindo a todos, em conjunto, fazer desse mundo um lugar melhor.
Finalizo com uma frase de minha autoria, que acredito ser pertinente a esse contexto:

“O homem é tão ciente de sua corruptibilidade, que vive em busca de um Herói mítico a fim de depositar sua esperança falida no próprio homem.”


Marcos Marinho é consultor e professor
de Marketing Político e Eleitoral.
                                                                                                                        marinho_mkt@hotmail.com