Espaço destinado ao registro das percepções críticas de um cidadão brasileiro sobre política, comunicação, comportamento e demais assuntos pertinentes à sociedade contemporânea.
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sábado, 14 de abril de 2012

Esse é o artigo do O Popular, na íntegra.


Homem X Herói – Uma busca fora de si.

Após várias leituras e muito refletir, constatei que indiferente ao meio, cultura, educação ou renda, o ser humano vive uma busca por representações heróicas das virtudes consideradas ideais, onde possa repousar sua fé, esperança e sonhos, de preferência que o permita repousar também a consciência de que por ser apenas humano, falho, e pecador, não poderia ser o ostentador de tais virtudes.
            Imputar a alguém a responsabilidade de ser integro, honesto, caridoso, corajoso, implacável com os maus, justiceiro tenaz das causas dos humildes, detentor de uma moral ilibada e, portanto imaculado pelas mentiras e tramóias que são pertinentes aos meros mortais, nos alivia a consciência.
Buscamos depositar nossa cômoda consciência coletiva nas mãos de líderes religiosos, personalidades famosas e até, pasmem, políticos. Isso fica mais claro quando vemos midiatizada a queda desses ícones, do que quando os consumimos diariamente através de telas de vidro, papéis, ondas sonoras ou presencialmente. Sentimo-nos tão aviltantemente traídos quando percebemos no alvo de nossas idealizações o resquício de humanidade, da passividade de erro, que passamos de seguidores a perseguidores em fração de segundos, ou como suscitam as novas tecnologias: numa atualização da timeline.
Atualmente o que mais tem-me feito refletir é a passividade frente aos absurdos sociais, que nos são entregues pelos meios de comunicação ininterruptamente, e a demonização que nos achamos no direito de propalar sobre tudo e todos que se valem de artifícios escusos em benefício próprio. Não sou adepto da “Lei de Gerson”, como não me julgo baluarte da moral e honestidade. Apenas avalio que, enquanto homem, não sou capaz de julgar minha conduta em relação a situações que não vivenciei, e dessa forma não me sinto confortável para acender o pavio da inquisição de outro mero ser humano.
De forma alguma concordo com a condescendência e a impunidade sobre erros cometidos, desvios de conduta, prejuízo à coletividade, crimes e abusos de qualquer ordem. Acredito na justiça, na investigação isenta de interesses secundários, na apuração rígida dos fatos e do direito de defesa nos casos em que a culpa não se comprova de forma irrefutável.
O que me trouxe a esses questionamentos, em partes se relaciona com os últimos acontecimentos no cenário político de nosso estado de Goiás, bem como vários outros no Brasil, em partes com a banalização da fé, substituída pela guerra declarada entre líderes religiosos, em partes pelo esforço de pequenos grupos em arregimentar pessoas que lutem ativamente nas fileiras das ONG’s e instituições que ostentam bandeiras como: “Brasil sem corrupção” e “Ficha limpa”.
Principalmente o que me fez escrever esse texto foi o fato de ver nos olhos de muitas pessoas, de ouvir vários discursos de ordem, ler muitos post’s e twittes, carregados de tanto rancor e amargura, e, ao mesmo tempo, isentos da percepção de si próprios, de suas atitudes corruptas e escusas, de quem sonega impostos, oferece propina para não ser multado no trânsito, se recusa a fazer o teste do etilômetro, não respeita a faixa de pedestres, os assentos preferenciais, as vagas para deficientes, os próprios deficientes, que busca um cargo comissionado em um gabinete político por apadrinhamento, cola na prova, dissemina inverdades e maldades, não respeita os idosos, seus professores e pais, e uma infinidade de atos cotidianos que não caberiam em um só artigo.
Definitivamente o que me ajuda a compreender todo esse comportamento social, é o fato de não sermos Heróis, e de ainda continuarmos admitindo que simples humanos não sejam capazes de equalizarem seus defeitos e qualidades a ponto de prevalecerem as qualidades, e essas qualidade suplantarem a ganância e o desejo de sobrepujar o próximo, nos permitindo a todos, em conjunto, fazer desse mundo um lugar melhor.
Finalizo com uma frase de minha autoria, que acredito ser pertinente a esse contexto:

“O homem é tão ciente de sua corruptibilidade, que vive em busca de um Herói mítico a fim de depositar sua esperança falida no próprio homem.”


Marcos Marinho é consultor e professor
de Marketing Político e Eleitoral.
                                                                                                                        marinho_mkt@hotmail.com

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