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segunda-feira, 7 de maio de 2012

A cultura que move o homem.


A cultura que move o homem.

Interpreto as reações de nossa sociedade frente aos escândalos políticos atuais, e principalmente à falta de punições para seus envolvidos, como algo condizente com a nossa cultura.  Como disse o antropólogo e escritor Roque Laraia: “A cultura é a lente através da qual o homem vê o mundo”. Partindo desta proposição, sugiro que estas lentes são formatadas nas mesas editoriais das emissoras, editoras e produtoras de conteúdo midiático. Incontestavelmente as versões apresentadas pelas mídias somam parte preponderante do arcabouço formador daquilo que se adota como “a cultura brasileira” e, desta forma, vê-se ser reproduzido aquilo que é doutrinado através dos veículos.
 Constatando que a TV cumpre um papel, em muito superior ao seu de ofício, que seria o de trazer informação e entretenimento aos telespectadores, passando a exercer a função de educadora infantil, babá, professora e até “cérebro” em alguns lares brasileiros, como considerar não ser dela a principal lente pela qual se formam as interpretações que orientam as reações populares?
Após esta ilação, decido aprofundar as conjecturas e compreender melhor nossa “cultura” televisionada, analisando os conteúdos transmitidos pelas telas “educadoras” dos canais de TV aberta. Percebo que a população entrega seus neurônios, vazios de conteúdo teórico, estudos, leituras e reflexões, para serem preenchidos com as crenças e certezas introjetadas por apresentadores em bancadas, ou personagens de folhetins.
Recordo quando uma telenovela apresentou um “capiau”, imbuído de toda simplicidade e honestidade, sendo corrompido pelo poder – em 1989 - mesmo ano em que um recente ex-presidente perde sua primeira disputa pelo palácio do Planalto, e depois, quando essa mesma emissora, talvez com certo recalcamento, decidiu apoiar um impeachment e passou a estampar em seus noticiários vários caras-pintadas, contribuindo para uma mobilização nacional. Ali pudemos perceber a força de uma tela de TV.
Mais recentemente percebi uma manobra, onde o movimento social “Fora Marconi” não teve seu nome explicitamente reconhecido num primeiro momento e, após uma forte repercussão em redes sociais que acabaram pressionando estes veículos, e também de uma estratégia equivocada do Governador, merecedor desta “homenagem”, no trato com a mídia, passou a ter seu legítimo e merecido espaço nos editoriais, agora nominado corretamente.
À mídia cabe um papel importantíssimo no estado democrático de direito, noticiar os fatos. Não lhe cabe interpretar estes fatos, tampouco assumir a missão de educar ou formatar nossa cultura. Carteiras escolares e livros devem substituir sofás e monitores de tv, sob pena de nunca termos uma sociedade capaz de se indignar e  reagir na medida certa, pelos motivos certos e em tempo certo!

Marcos Marinho
twitter: @marinhomkt

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