Espaço destinado ao registro das percepções críticas de um cidadão brasileiro sobre política, comunicação, comportamento e demais assuntos pertinentes à sociedade contemporânea.
Uma visão técnica do ponto de vista do marketing e apaixonada do ponto de vista humano. Leia, critique e replique à vontade!

domingo, 24 de junho de 2012

Eleições 2012 – A hora decisiva precedida de uma acertada decisão



Estamos a praticamente duas semanas do início da corrida eleitoral 2012. Dias finais e definitivos para os partidos confirmarem seus candidatos e coligações, e para os candidatos definirem suas estratégias e plataformas de campanha. Para grande parte dos eleitores estamos a praticamente duas semanas do inferno!
A inadequação de forma e conteúdo das mensagens eleitorais, a má utilização dos veículos de comunicação, o desrespeito e despreocupação com os hábitos do eleitor, bem como seus gostos e costumes, transformam as campanhas eleitorais em um período de sacrifícios para aqueles que não dispõem de tv a cabo e/ou internet. Sem propostas convincentes, campanhas estruturadas, comunicação integrada e treinamento midiático, o que candidatos tentam passar aos eleitores não consegue ultrapassar os filtros mentais que estes usam para se proteger de baboseiras, mentiras e intromissões.
Devemos ressaltar que neste ano a campanha feita de qualquer forma, sem compreensão das necessidades do eleitor, das demandas do município e das rejeições dos cidadãos, não obterá o espaço de outrora. Velhas técnicas e procedimentos eleitoreiros não encontrarão mais aquele eleitor despreparado, oprimido por cabrestos, passivo frente à truculência e incompetência comunicacional de aspirantes ou velhos políticos. Se em algumas cidades estes comportamentos ainda são frequentes, uma boa parte da população já está liberta e consciente destas práticas arcaicas.
Considerando as últimas enchentes, providas por águas caudalosas e sujas derramadas por uma cachoeira de escândalos que desconstruiu todo cenário político goiano, teremos nestes meses que antecederão as eleições uma demonstração extraordinária de esforços inócuos e dinheiro desperdiçado, por partidos e candidatos que terão como único objetivo reconquistar a crença dos eleitores em suas propostas e posicionamentos, sem, no entanto, se equiparem com o ferramental estratégico adequado.
Obviamente que a proporcionalidade dos esforços demandados será de acordo com fatores prévios apresentados pelos pleiteadores de votos: histórico e postura, ausência de envolvimento direto em escândalos, ficha limpíssima e aliados certos. Destaco também, como fator preponderante, a necessidade de uma comunicação e exposição adequadas. Mais do que simplesmente falar, o candidato deve falar a coisa certa e da forma adequada ao seu público! Mais do que aparecer, o candidato precisa definir, estrategicamente, onde e quando aparecer, e ao lado de quem é conveniente aparecer!
O político que intenta um cargo executivo ou legislativo em 2012 deverá atender aos requisitos exigidos pelo povo, além de estar bem assessorado por profissionais que farão, por meio de técnicas, a adequação da mensagem e do posicionamento do candidato à compreensão, aceitação e adesão dos eleitores.
Marcos Marinho
Consultor e Professor de Marketing Político
 twitter: @mmarinhomkt

domingo, 17 de junho de 2012

Diga-me com quem andas – Acordão, tramoias e palanques.



Somos um povo acostumado a torcer pelo mocinho contra o bandido nos filmes e novelas que fazem parte ativa de nosso processo de “educação”. Recebemos as fábulas televisivas e cinematográficas, e as decodificamos como modelos de conduta, muito mais do que meras obras de ficção. Também por sermos um país religioso, acreditamos na dicotomia “Deus e Diabo”, o que reforça nossa necessidade de entender as oposições claras em toda e qualquer situação em que haja dois lados.
Talvez pelos motivos acima seja tão complicado entender o universo político e suas alianças. Quando vemos, através da mídia, acalorados embates entre figuras políticas - que não apenas nos pleitos se digladiam, mas fazem clara oposição uns aos outros no dia-a-dia - tendemos a buscar um dos lados e atribuir-lhe a “verdade”, fazendo do lado oposto, naturalmente, o “mal e a mentira”.
Por sermos crédulos na “boa vontade” humana, em sentimentos como amizade, lealdade e respeito, sentimo-nos afrontados ao observar uniões, alianças, apoios, apadrinhamentos e acordões entre políticos e partidos em momentos de aperto.  Quando acompanhamos as articulações eleitoreiras, os apaniguamentos salvadores nas Comissões Parlamentares de Inquérito, as trocas de favores e entregas de cargos ocorrendo entre antigos desafetos, somos acometidos por um torpor que suspende o raciocínio lógico que nos permitia conviver com as relações sociais e políticas.
Quando grandes ícones da política, negativos ou positivos, que desferiam entre si duros golpes verbais em palanques passados, passam a militar na mesma “causa”, ostentando uma bandeira comum, “ideais” oportunos e palanques eleitorais, nós, os eleitores, ficamos como se traídos, como se novamente enganados. Tudo bem acreditarmos em perdão, em mudanças de opinião, mas aceitar estratagemas claramente maquiavélicos, orientados por interesses alheios ao bem social, não pode ser acolhido por nós, decisores do processo eleitoral, como normal e corriqueiro.
Quando um eleitor decide apoiar um candidato, o faz por quê? Será que essa indagação encontra resposta nas mentes dos brasileiros? Sem estas definições, talvez fique coerente o pensamento dos escroques que acreditam serem capazes de manipular resultados de campanhas, pelo simples empoleirar-se em ombro alheio (o que fazem em troca de migalhas e cabides onde acomodarão paletós durante mais 4 anos). Em um cenário onde claramente torna-se ausente a outrora cultuada “ideologia partidária”, se não a crença pessoal naquele que se apresenta como opção de mudança e batalha, o que atrairia o voto de um cidadão? Vota-se em pessoas, em homens e mulheres que conseguem expor-se de forma a conquistar a crença daquele que apertará o botão verde no dia do julgamento.
Portanto, gostaria que este texto levasse dois recados. O primeiro, direciono aos “homens daquilo roxo”, aos que “roubam, mas fazem”,  aos “bigodudos maranhenses”, àqueles que “almoçam e jantam em Paris” às escondidas, a todos os políticos que deixaram qualquer resquício de dignidade em prol da manutenção de suas benesses e poder, lhes digo: há de se levantar uma geração que os elegerão ao limbo, ao esquecimento eterno, ao mais dantesco dos lugares para onde possam purgar suas más intenções.
O segundo recado envio ao leitor coerente e consciente que chegou até esta linha com todo sentimento de indignação que partilho, e alguma esperança neste país continental, de gente honesta e trabalhadora, digo: a solução está em suas mãos, ou dedos, para ser mais explícito!

Prof. Marcos Marinho
@mmarinhomkt

domingo, 3 de junho de 2012

Luiz Brasileiro – Do homem simples ao Rei Sol




Onipotência, capacidade até então atribuída a Deus, dado seu poder supremo sobre todas as coisas. Sem apelar para a religiosidade, apresento minha descrença pessoal em todo aquele que julga a si mesmo detentor de alguma forma de poder que sobrepuje os demais mortais.
Mantenho minha posição descrente frente a qualquer manifestação humana de onipotência, seja ela financeira, bélica, midiática ou até carismática, sendo essa última muito peculiar aos que estiveram em algum momento nos “braços do povo” - e por este feito acreditam que seus retratos ainda estampem paredes de casebres populares e entidades calcadas no assistencialismo. Entendo que ninguém é capaz de vencer todo tipo de adversidade que lhe venha sobre os objetivos, principalmente na dependência exclusiva de sua força.
Julgo contrassensual um político que se utilizou sabiamente do modelo do “Common Man”, do “homem simples” que, segundo o escritor Roger-Gérard Schwartzenberg, é uma das possíveis imagens que a população pode fazer de um político, transmutar-se para a imagem do Rei Sol, o qual propalava ser ele o estado. Se para alcançar o posto mais alto da hierarquia executiva de nosso país, vestir-se de humildade foi a roupa que melhor lhe apresentava, assumir agora uma postura soberba e agressiva frente ao processo eleitoral brasileiro, afrontando sorrateiramente sua legislação e, pior ainda, se colocando como capaz de “proibir” uma sucessão democrática ao governo da nação, me suscita questionamentos: “crise de identidade?” ou “simples substituição de papel?”
Como já sabia Marx, “toda hegemonia traz em si sua contra-hegemonia”, e desta forma penso que propalar-se decisor supremo dos destinos da nação, capaz de escolher quem lhe sucede e precede, engessando todo processo evolutivo de um país para que fique de acordo com sua visão unilateral do bem comum é gerar nas entranhas do sistema uma prole que cedo ou tarde requererá seu direito de lutar contra o regime que conhece por situação.
Manter-se presente no cenário político é mister aos que vivem de sua atividade pública, lutar por sua representatividade junto à sociedade faz parte da estratégia dos que almejam o poder, no entanto posicionar-se com força exacerbada, caricata, arrogante ou demagógica contribui para desconstruir a “boa” imagem que outrora representava seu nome, sua presença. Repintar o retrato fixado nas mentes de seus seguidores com tintas demasiadamente fortes pode causar-lhes desconforto e repulsa.
Ademais, afirmo que apontar armas aos quatro ventos, acreditando na blindagem popular adquirida por feitos passados, soa-me desinteligente e absurdo, principalmente em se tratando de um povo conhecido por sua falta de memória, que sobre as demandas coletivas sempre atua em prol das benesses individuais.

Marcos Marinho
Twitter: @mmarinhomkt