Espaço destinado ao registro das percepções críticas de um cidadão brasileiro sobre política, comunicação, comportamento e demais assuntos pertinentes à sociedade contemporânea.
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domingo, 27 de janeiro de 2013

Estamos na mídia. Isso é bom?



Esta última semana foi de grande exposição para os goianos nas redes sociais e na mídia tradicional. Infelizmente, de forma negativa. Situação que, em minha análise, tem se tornado comum ultimamente. Nós, goianos, não temos sido manchete senão por notícias de crimes, escândalos ou impropérios proferidos por “personalidades”.
Sádicos adeptos da zoofilia, preconceituosos generalizadores (não tatuados) e bicheiros são alguns estereótipos que repercutiram nos últimos tempos nas redes sociais, jornais e televisão, fazendo com que a representação dos goianos ficasse ainda mais distante da realidade. Sabemos que, em muitos lugares, ainda somos vistos como “caipiras”, “povo do sertanejo”, “roça” e mais alguns “adjetivos” que atribuam atraso, despreparo e menor capacidade intelectual. Coloquei os termos entre aspas para que fique claro que, analisados em seu contexto original em nada são desmerecedores, mas com a entonação que os utilizam ao se referirem a nós adotam forma pejorativa.
Sou goiano e tenho orgulho disto! Mas, como professor e estudioso de comunicação, preciso avaliar de maneira isenta de sentimentalismos o que pode estar acontecendo com a imagem que estamos construindo sobre nós mesmos. O preconceito é algo que deriva das influências culturais que uma pessoa recebe em seu processo de formação. A imagem que passamos é algo que depende de nosso comportamento e nossas atitudes. Portanto, não vou falar se sofremos ou não preconceito, porque isto não depende de nossos esforços. A imagem que estamos passando sim!
Quando uma pessoa assume o status de “figura pública”, seja por sua atuação política ou artística, ela também assume papéis que lhe atribuem uma representatividade muito maior do que a sua própria função. Ao receber em si os holofotes, esta pessoa que, até então possuía direitos e deveres comuns a todo cidadão, passa a ocupar um patamar onde, muitas vezes, seus direitos e deveres são drasticamente potencializados.
Um ator que está no auge do sucesso midiático não é apenas um cidadão envolvido na representação artística de personagens, mas sim uma figura que desperta sentimentos que, na maioria das vezes, se confundem com seu objeto de representação, e que lhe atribuem o poder de disseminar opinião, conquistar adeptos e seguidores, os quais lhe tomarão como modelo. Assim ocorre com o cidadão que ocupa um cargo importante na esfera do poder político, pois passa também a representar os anseios de todo povo que lhe confia, mais do que votos, apoio.
Em ambos os casos, a admiração popular traz em sua esteira a censura e as expectativas inerentes ao que pensam os seguidores e admiradores destes personagens. Sendo assim, qualquer ato, positivo ou negativo, toma uma proporção além do seu intento. Fatalmente os aplausos virão com mais facilidade, mesmo ao se executar algo corriqueiro e inerente à função. No entanto, o peso da crítica é para estes mesmos “heróis” muito mais destrutivo e maldoso do que seria para um indivíduo pertencente à classe dos comuns.
Trago estas alusões para chamar a atenção de nossos representantes, no âmbito político, artístico, empresarial e intelectual, para a importância de ponderar suas atitudes, suas falas, suas “tuitadas”, suas ações parlamentares, suas omissões parlamentares, e tudo o que eles sabem servir para formar a imagem que estão construindo ante suas audiências.
É obvio que os protagonistas das últimas manchetes negativas que iluminaram nosso Estado e nossa gente frente aos olhos do país não nos representam a todos. Sinceramente, nestes casos acredito não representem nem a si mesmos. Foram apenas desastrados em suas exposições. Já até se desculparam.
Mas aproveito os exemplos deles para inquietar vários outros “personagens” goianos que andam por aí fazendo coisas dignas de vergonha e desprezo. Se fossem eles mesmos os alvos desta vergonha, eu nada falaria. A questão é que, quando nossos políticos, bem como as outras “celebridades”, agem de forma incorreta, quando se omitem frente às demandas da população, quando atuam apenas atrás de mais dinheiro e benesses para si, quando dizem coisas imbecis ou tentam apresentar nosso povo como algo caricato e débil, essas coisas me afetam e afetam ao povo que tanto respeito.
Vivemos no Estado que, por motivos logísticos e produtivos, é a “bola-da-vez” para a economia do país. Possuímos recursos e belezas ímpares no contexto nacional. Temos um povo capaz, trabalhador, digno, carismático, humilde (em sua maioria), inteligente e disposto a construir um futuro melhor. Não podemos aceitar que nossa imagem seja outra senão essa!
Para isto é necessário que os bons se manifestem e sobrepujem os maus, que os honestos se unam para demover do poder, seja legítimo ou paralelo, os bandidos que ali estão, e que os corajosos se ponham a falar as verdades que os covardes teimam em omitir. Temos ferramentas capazes de maximizar nossas vozes e jogar luz sobre trevas intencionadas pelos mal-intencionados. Não podemos deixar que nos representem como não somos, assim como não podemos deixar que nos apresentem como o que ainda não somos. Só publicidade não constrói uma realidade melhor, mas a publicidade negativa pode transformar nossa realidade naquilo que não queremos.

Marcos Marinho
Professor e Consultor Político
Twitter: @mmarinhomkt
www.mmarinhomkt.com.br

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