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domingo, 17 de fevereiro de 2013

2013 ou 2014 parte - I?



O ano de 2013 tem-se mostrado bastante movimentado na esfera política. Com alguns políticos tentando enterrar de vez escândalos de 2012, e outros ignorando os escândalos recentes deste ano, todos parecem estar apenas interessados em pavimentar seus caminhos para 2014.
Os grandes partidos já apresentaram suas credenciais ao novo ano e tentam demarcar seus territórios. O PMDB nacional, mesmo sob forte reprimenda social, deixou claro que sua numerosa bancada é mais relevante do que a opinião pública, e enfiou goela abaixo dos eleitores os indiciados Renan Calheiros e Henrique Eduardo Alves, nas presidências do senado e da câmara, respectivamente. O pseudo partido de oposição, PSDB, já alardeia seu suposto escolhido para a disputa presidencial do próximo ano, o Senador Aécio Neves, pondo-o em marcha atrás de apoios. Enquanto o atual “dono da bola”, o PT, apresenta seu apoio à reeleição da presidente, me recuso gramaticalmente a chamá-la “presidenta”, Dilma Rousseff. Não desconsideremos a relevância do ex-presidente e atual “entidade” política, Lula da Silva, que corre parelho à candidatura de Dilma, articulando apoios para esta, mas deixando sempre no ar uma possibilidade de retorno.
Temos também em plena articulação política e social, já que se apresentam midiaticamente como futuros candidatos ao Planalto, Marina Silva e o Governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB). Marina, que atualmente está em forte mobilização para a criação do próprio partido, saiu do pleito de 2010 com uma musculatura relevante, mas que atrofiou de lá pra cá motivada pela falta de definição e atuação em prol da manutenção de seu capital político. Ainda assim, penso que não deva ser ignorada, como aparentemente tem sido pela grande mídia. Vale lembrar que sua votação em 2010 prescindiu do apoio midiático e alcançou respaldo nas redes sociais.
Eduardo Campos tem sido visto como “a noiva cobiçada”. Muito assediado pelo PT, tem sido objeto da tentativa de catequese do ex-presidente Lula, que o deseja como vice na chapa PTista de 2014. Muito hábil, o governador de Pernambuco está capitalizando ao máximo sua imagem e tornando-se, além de uma pedra no sapato da situação, uma pedra que pode estar no caminho da oposição. Eduardo pode ser motivo de dissenso nos votos nordestinos, favorecendo a candidatura da oposição, caso seja realmente candidato ao cargo principal, ou um grande agregador em favor de Dilma. Sem dúvidas, munido de habilidade e bom assessoramento, Eduardo Campos sairá como vencedor deste pleito seja com uma vice-presidência ou capitalizando uma “anabolização” de sua musculatura política - já que dificilmente seria eleito presidente, se tomarmos por base o cenário atual.
Paralelo às movimentações dos grandes partidos e seus comensais, aqueles partidos menores que vivem em volta barganhando cargos e participações, existe uma aparente multiplicação desenfreada de novos partidos políticos, que buscam um lugar ao sol de 2014. Aproximadamente 30 novos partidos estão em processo de fundação. Necessitando seguir as determinações da legislação e acompanhados pelo TSE, estes novos partidos estão tentando se viabilizar, motivados por interesses que vão de A a Z. Dissidências, oportunismos, ressurreições e uma série de interesses particulares e coletivos são o combustível para essa corrida contra o tempo, em prol do registro destas siglas a fim de disputarem o pleito vindouro. Os novos partidos têm até outubro deste ano para cumprir os trâmites e procederem aos seus registros, caso almejem participar de 2014.
É comum ver as aproximações e dissensões entre partidos, alheias às ideologias e pautadas no pragmatismo político, e/ou no puro interesse econômico. Situação que tende a nos direcionar para uma percepção de desideologização dos partidos. Direita e esquerda já não são referenciais muito claros quando se tenta analisar os comportamentos políticos das siglas e seus filiados.
Partindo desta consideração faço os seguintes questionamentos: O que pregam e representam esses mais de 30 novos partidos? O que tem a oferecer ao povo brasileiro, tão cansado e declaradamente desacreditado deste modelo político representado pelos já instalados partidos? Relembro que há pouco tempo foi divulgada uma pesquisa onde mais de 50% da população, em níveis estatísticos, se declara apartidária, ou seja, sem predileção por alguma sigla.
Vejo licitude, e apoio a iniciativa dos descontentes, em se agremiarem e ostentarem uma bandeira que corresponda aos seus anseios e propostas. Desde que existam anseios e propostas que partam da premissa de beneficiar o coletivo em detrimento, caso se contrastem, dos interesses individuais. Sou radicalmente contra a formação de mais partidos de barganha, partidos comensais que simplesmente querem se avolumar junto aos grandes a fim de coletar sobras que lhes mantenham ricos e próximos ao poder.
Entendo a “apartidarização” do brasileiro, sou um desses. Acredito na personalização do voto, onde o candidato se torna “maior” que o partido, e apoiado, em seu carisma, atuação, postura e posicionamento atrai seus eleitores. No entanto, nosso sistema eleitoral é partidarista, forçando-nos a conviver com bandeiras empoeiradas, desgastadas ou mortas, gravadas com siglas que já não dizem o que queriam dizer. Precisamos de novas? Precisamos de revitalização das atuais? Precisamos de novos políticos? Precisamos de mais consciência e cidadania por parte de políticos e eleitores?
Pelo visto o ano de 2013 será “patrolado” pelos interesses focados em 2014. Sejam os interesses políticos, sejam os interesses futebolísticos, o que me parece é que neste ano teremos muito mais intenção do que ação, e ficaremos, nós, brasileiros, como sempre, esperando pelas cenas dos próximos capítulos.

Marcos Marinho
Professor e Consultor Político
Twitter: @mmarinhomkt

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