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domingo, 3 de fevereiro de 2013

Matemática básica



Nos últimos dias fomos brindados com duas informações extremamente impactantes nos bolsos dos brasileiros: a redução na conta de energia elétrica e o aumento no preço da gasolina. Uma com direito a pronunciamento em cadeia nacional, preparado e carregado com simbolismos capazes de fazer corar os mais experientes profissionais do marketing político. A outra terceirizada e abafada, como quem quisesse se desprender da responsabilidade.
Não é surpresa que os pronunciamentos oficiais sejam usados, também, como grandes propagandas eleitorais. Faz parte do processo político. A inclusão de símbolos e ícones, a linguagem utilizada deve cumprir sua finalidade de comunicar muito mais do que as frases feitas.
O que considero importante é levantar questionamentos racionais sobre os impactos efetivos destas ações governamentais. Não que os debates deixem de ocorrer. Eles acontecem nas esferas mais intelectualizadas, geralmente com linguagens rebuscadas e termos incompreensíveis para os que simplesmente assistiram na TV um pronunciamento feito para sua exclusiva cooptação. Desejo que as explicações sejam palatáveis, também, para a massa desacostumada ao contraditório.
Apesar de não ser expert em economia, e sim mais um dos brasileiros que terão os bolsos revirados após estas medidas, decidi fazer uma conta simples, burra, tomando por base uma situação não fictícia. Acompanhem:
Um casal que gasta, em média, R$150,00/mês com energia elétrica, terá uma redução de R$27,00 na conta, sentidos daqui a pelo menos 2meses, com os 18% de desconto do governo. Este mesmo casal tem um gasto médio de R$500,00/mês com combustível e terá um aumento de R$20,00 nas despesas. Isto gera uma "economia" de R$7,00 para este casal. Motivo que deveria garantir uma alegria imensa e os votos para reeleição. O problema é que tudo será impactado pelo aumento dos combustíveis, em escala muito maior do que o impacto da redução das tarifas de eletricidade.
Imediatamente, como de costume, após o anúncio do aumento dos combustíveis as bombas dos postos já passaram a marcar os novos preços do diesel e da gasolina. Essa alteração, em fração de tempo, deverá ser assimilada por todos os produtos e serviços que fazem parte do cotidiano do povo brasileiro. Alimentos que dependem do transporte rodoviário para serem escoados, transporte público, serviços, enfim, tudo.
Neste momento alguns leitores devem estar dizendo: “Mas a redução de 18% no preço da energia elétrica deve compensar estes aumentos!”. Com estes conversarei em breve, daqui a três ou quatro meses, quando tudo tiver se acomodado e nossos bolsos continuarem vazios.
Não existe mágica! Sem uma redução nos gastos governamentais, no desperdício do dinheiro público, nos desvios fomentados pela corrupção, o povo continuará sobrevivendo por intermédio de medidas pirotécnicas e publicitárias que, efetivamente, não resolvem o problema. Atualmente o que acontece é a reedição da velha história do “desvestir um santo para vestir o outro” - como bem dizia minha vó!
Marcos Marinho
Professor e Consultor Político
Twitter: @mmarinhomkt

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