Espaço destinado ao registro das percepções críticas de um cidadão brasileiro sobre política, comunicação, comportamento e demais assuntos pertinentes à sociedade contemporânea.
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domingo, 30 de junho de 2013

Operação Cavalo de Troia.

Dentre as coisas que ficarão comprovadas pelas manifestações populares de 2013, a incapacidade gestora e legislativa dos políticos brasileiros é a mais gritante!

Para amenizar o impacto da crise social, perdem-se em atitudes intempestivas e populistas sem avaliar seus impactos futuros. Não há milagre econômico e político. Alardear fazer em poucos meses o que não fizeram e mais de 10 anos, é no mínimo desprezar a inteligência do cidadão.

Sem medidas estruturadas e sustentáveis o que acontecerá é a construção, entrega e endeusamento de um "Cavalo de Troia" que causará danos ainda maiores na frágil estrutura política e social do país.

Se o "GIGANTE" realmente acordou, espero que não seja cego ou se deixe seduzir por pirotecnia governamental e "mariolas" legislativas que intentam domá-lo.

O povo brasileiro está desperto, mas está consciente do que precisa e do que as forças políticas pretendem fazer?

Marcos Marinho
Professor e Consultor Político

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Não sabemos protestar, mas sabemos o que queremos: respeito!

Difícil explicar tudo o que aconteceu em Goiânia no dia 20 de junho de 2013, confesso que ainda estou processando. Grosso modo, posso dizer que foi a maior manifestação política já presenciada por muitos daqueles que dividiam espaço comigo no asfalto do centro da cidade. Empiricamente deduzo que éramos mais de cinquenta mil.

Desorganizados e sem saber direito como protestar, pude ver toda miscelânea cultural de nossa sociedade entremeada por faixas, cartazes e gritos de ordem, marchando pelas principais ruas e avenidas que circundam as casas do poder em nossa cidade. Senti orgulho.

Agora surgem controladores entre a multidão, que assim como tias velhas e chatas criticam a incoerência inocente daqueles que não foram doutrinados em suas cartilhas de engajamento político. Reclamam que ali estavam pessoas que não conheciam as regras básicas dos protestos sociais e assim ficavam perambulando sem foco, ou pelo menos sem o foco que eles queriam dar à manifestação.

Como disse Castro Alves: “A praça é do povo! Como o céu é do condor”. E isso é o mais importante neste momento, ver que o povo ocupou seu espaço. Independente de bem treinados ou não, se doutores em protestos ou meros agitadores de cartazes cômicos, tenho certeza que este movimento cumpriu sua missão. Despertadas foram muitas mentes jovens que não sabiam existir vida fora das telas de computador, mentes idosas que viviam no saudosismo de suas passeatas contra a ditadura, mentes infantis que se quer sabiam o que significava tudo aquilo, mas entendiam a importância de participar.

Não é com uma passeata que mudaremos o país. Muito menos ficando em casa presos em um mundo de reclamações e banalidades virtuais. Precisamos educar a população. É dever dos mais politizados disseminar este tipo de conhecimento àqueles que dele carecem. Os que criticam a falta de seriedade e objetividade dos manifestantes de primeira viagem deveriam desenvolver projetos para contribuir com seu amadurecimento político, com sua evolução para o nível de cidadãos.

Os milhares que foram às ruas de Goiânia, mesmo sem saber como proceder são mais corajosos do que os pseudo-politizados que se escondem por detrás de máscaras, bandeiras e discursos raivosos. Estes com toda sua experiência de militantes aguerridos e coléricos se quer conseguem engajar meia dúzia de gatos pingados em suas fileiras. Não cientes de suas incongruências, preferem atacar aqueles que chamam de “sociedade fascista e burguesa da classe média”. São tão néscios que desconhecem a atual pirâmide social deste país, e sua estreita relação de dependência com esta classe que tentam agredir.

Foi dado um grande e importante passo em direção à redemocratização do Brasil. Essa força emergente dos desgostos populares, que foi alimentada pelo descaso e corrupção de alguns mandatários, definitivamente coloca toda classe política contra a parede e grita aos seus ouvidos: chega!

Governantes, legisladores, juristas, emissoras de TV, enfim, todas as esferas do poder não poderão mais nos tratar como zumbis alimentados por engôdos televisivos e bolsas “sei-lá-o-quê”.

É premente a este movimento prosseguir em direção às urnas de 2014. Mas para isso, precisamos chamar as pessoas que se dispuseram a marchar por motivos ainda difusos, e lhes colocar lentes capazes de maximizar suas visões políticas. Precisam entender que como diria Aristóteles, são “animais políticos”. E isso é o que lhes permite conviver em sociedade. Precisam conhecer nosso sistema político, a incumbência de cada um dos poderes que nos regem, a finalidade dos partidos e representantes políticos.

Falando em representantes, é bom que os mesmos saibam que estão colhendo o que plantaram. Toda descrença, desrespeito, desconfiança e repúdio foi cultivado pelos próprios, a cada pizzada nas CPIS do congresso, a cada escândalo motivado por corrupção e desvio de verbas, a cada brasileiro vitimado pela violência ou falta de assistência médica. Precisamos de um resgate de valores, credibilidade e legitimidade representativa urgente.

Ao povo a educação, aos governantes e legisladores a exortação, ao país nosso engajamento e certeza de que não mais nos prostraremos de joelhos frente àquilo que o prejudica e nos prejudica.

Viva o povo goiano, viva o povo brasileiro, viva os dias melhores que merecemos viver.

Marcos Marinho
Professor e Consultor político

Twitter: @mmarinhomkt

terça-feira, 18 de junho de 2013

“Facebookers” 2013 – Curtir, compartilhar, agir.


Muito se questionou sobre a utilidade prática das redes sociais no contexto político. Acredito que as respostas começaram a aparecer em alto e bom tom. Sem a integração virtual, e sua gigantesca capacidade de mobilização, as marchas sobre as ruas do país não teriam a quantidade de pés em rota que tiveram nestes últimos dias.


É fato que houve um salto importante na relação entre os jovens e suas redes sociais, que saíram da estática digitação para o engajamento móvel nas questões incômodas que afetam suas vidas. Ao romper a inércia que mantinha o país na catarse saudosista dos anos de ditadura, com seus aguerridos movimentos juvenis, vimos mobilizações exitosas e organizadas em prol de sacudir toda acomodação popular e jogar o povo nas ruas. Prefiro ignorar as turbas marginais, que tentaram avacalhar o movimento com sua depredação estúpida e sua violência vazia de ideologias positivas.



Imagens fantásticas correram o mundo ilustrando uma ação digna, justa e necessária em prol da moralização do país. Ainda que alguns tentem rotular o episódio como algo motivado por 20 centavos, sabemos que isto não passou de um estopim. Vinte centavos não pagam a roubalheira de dinheiro público a que somos impostos há tantos anos, não paga a saúde de péssima qualidade, a educação em frangalhos que oferecemos para nossas crianças e jovens, nem todo descaso com o qual o povo é tratado pelos governantes e legisladores que ocupam as casas do povo.



É honesto fazer um mea culpa neste ponto, pois estes biltres lá estão por incompetência nossa ao votar. Ainda que alguns se escondam no engodo aplicado pelos candidatos em época de eleição, é fato que muitos eleitores vendem-se, e a seus votos, por meia dúzia de dinheiros.



Não compactuo ou vejo coerência na depredação do patrimônio público infligida por animais travestidos de manifestantes. Esses estúpidos não entendem que público significa de todos, e não do governo. Quando vencermos as causas por nós pleiteadas viveremos em qual mundo: naquele que ajudamos a construir ou no que destruímos para legitimar nossas opiniões?



Quero o povo nas ruas gritando suas amarguras e decepções. Quero o povo marchando contra a bandalheira que nos está posta e que não mais nos manterá calados e submissos. Quero ver brotarem ideias para um país melhor, emergindo das mobilizações pacíficas. Quero ver os mesmos jovens que hoje balançam cartazes e bandeiras nas ruas de nosso país, dedicados ao conhecimento e desenvolvimento da política, que em sua essência são os assuntos relacionados às relações sociais entre os homens, a fim de criarmos uma forma melhor para governar e fazer crescer nosso Brasil.



Saímos do sofá e fomos para as ruas, devemos agora ir para as escolas, empresas e tribunas dialogar, propor, fiscalizar e construir o amanhã melhor!


Marcos Marinho
Professor e Consultor político

Twitter: @mmarinhomkt

quarta-feira, 5 de junho de 2013

Goiás, Goiânia e os governos em 3D.

Aqueles que acompanham a política nacional há mais tempo já perceberam uma ampla e generalizada desideologização dos partidos e atores políticos. Observando o modus operandi de situação e oposição, seja em qualquer esfera de poder, não veremos antagonismos, senão pelo desejo de um em tomar o poder das mãos do outro.
Ao trazer para nossa seara, o estado de Goiás e a cidade de Goiânia, ambos em mãos de declarados opositores políticos (PSDB e PT), é possível aferir a afirmação acima, sobre a paridade de ações que independem das siglas e bandeiras ostentadas em campanhas, analisando nossos gestores estadual e municipal.
A gestão estadual apresenta-se ancorada nas técnicas midiáticas da publicidade, bem mais do que em projetos de governo capazes de melhorar a vida dos cidadãos. Com investimentos vultosos em comunicação, passando pela contratação de importante atriz do cenário nacional, a preocupação com a imagem do governo sobrepõe o interesse pelo bem estar da população, o que fatalmente deve ser confrontado pelos opositores na campanha de 2014.
Municipalmente temos uma situação bastante semelhante. Mergulhado em uma sequência de ações discrepantes em relação à sua principal bandeira de campanha, a sustentabilidade, o prefeito perdeu-se entre obrigações possivelmente contraídas durante a campanha e as demandas dos goianienses. Desconsiderou opiniões, desejos e expectativas de seus munícipes, a princípio suplantando qualquer expectativa de concorrer ao Palácio das Esmeraldas no próximo ano. Finalmente, seguindo a cartilha equivocada do governador, faz agora campanha publicitária usando um jornalista renomado nacionalmente para apresentar benesses que surgem como redentoras neste momento de decepção popular.
O fato é que a população se mostra muito insatisfeita com ambos os gestores. Veem-se milhões gastos em shows, publicidade e campos de futebol, enquanto as estradas e importantes obras no estado padecem a céu aberto. Em relação à cidade de Goiânia, os eleitores encontram hoje um prefeito que domina a câmara de vereadores, fazendo dali o lugar certo para aprovar suas contrapartidas aos que o apoiaram em momentos passados, patinando entre questões importantes como o transporte público, saúde e obras inacabadas escondidas detrás de novas obras iniciadas.
Percebo nossos mandatários acreditando que a televisão é suficiente para garantir capital político e votos. Talvez pensem que a tecnologia 3D, que traz para o espectador uma impressão de que as coisas saem da tela e tornam-se mais reais, seja capaz também de convencer aos eleitores-espectadores de que suas imagens tem profundidade e realismo. Ressalto apenas ser sine qua non para que a estratégia funcione em momento algum permitir que esses iludidos espectadores tirem as lentes que lhes são postas, pois aí a mágica acaba.
Marcos Marinho
Professor e consultor político

Twitter: @mmarinhomkt