Espaço destinado ao registro das percepções críticas de um cidadão brasileiro sobre política, comunicação, comportamento e demais assuntos pertinentes à sociedade contemporânea.
Uma visão técnica do ponto de vista do marketing e apaixonada do ponto de vista humano. Leia, critique e replique à vontade!

segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Internet & Política

Chegamos ao fim de um ano bastante movimentado no cenário político local e nacional. As Eleições 2014 transcorreram em um clima de muita beligerância, o que ecoa ainda hoje com resultados que, obviamente, não agradaram a todos - fato inerente a qualquer processo eletivo.

Imagem: http://www.culturamix.com/
Fazendo um balanço sobre as campanhas eleitorais deste ano, afirmo que não houve grandes evoluções nem do lado de que buscava o voto, nem de quem buscava em quem votar. Ainda não foi em 2014 que vimos alguma campanha capaz de engajar e mobilizar a sociedade em prol de um representante, tampouco vimos algum grupo civil organizado mobilizando-se a fim de fazer prevalecer suas demandas e aspirações em apoio ou oposição às propostas apresentadas pelos candidatos.

As redes sociais serviram, em sua maior parte, como palco para embates de militâncias e equipes contratadas para atacar e/ou defender aqueles candidatos que tinham verba suficiente para estes serviços.

Este fato nos obriga a pensar o que falta para haver uma aproximação mais produtiva entre políticos e cidadãos. Não limitando essa relação aos momentos de cooptação de votos, mas entendendo a importância do envolvimento entre estes personagens porque uns impactam diretamente nas vidas dos outros.

Analiso que da parte dos políticos faltou conhecimento, preparo e interesse em realmente se comunicar com os cidadãos. Conhecimento porque não buscam se atualizar sobre as ferramentas comunicacionais nem fazem uso regular delas durante seus mandatos, o que reforça minha hipótese de falta de preparo. Mas o principal problema é a falta de interesse em se comunicar. E entendamos comunicação como um processo bilateral onde deve haver momentos de emissão e recepção de mensagens, ou seja, é preciso falar, mas também ouvir o cidadão.

Sem o hábito de receber, até pela falta de canais, demandas de seus eleitores e com o costume do monologar em discursos na época da eleição, os representantes do povo não mais se percebem como povo após serem diplomados, abandonando o dialogo com seus representados. Como a internet dá espaço para a fala destes representados, rompendo com o silêncio e excluindo muitos filtros antes impostos pelos canais tradicionais de comunicação, os políticos se intimidam e se ausentam.

Por outro lado também temos a ausência dos cidadãos nas discussões sobre assuntos que envolvem o bem comum, a polis, a política. Muito ativos nas redes sociais quando os temas curtidos e compartilhados versam sobre animaizinhos, bebezinhos, pegadinhas ou qualquer banalidade da moda, não há uma mobilização expressiva em prol dos assuntos que efetivamente contribuem para uma melhor qualidade de vida para todos.

Lanço também algumas possibilidades para esse afastamento: desconhecimento, desinteresse e desinformação. O desconhecimento sobre o tema fatalmente dificulta a participação do cidadão. Esse fato é notório quando avaliamos o tipo de educação que é ofertada às crianças e adolescentes sobre política. Nenhuma. Desta forma vemos pessoas que podem encontrar seu lugar de fala sobre temas sociais, mas que possivelmente não saibam o que dizer, pois não foram politizadas para isso.

O desinteresse se associa em certo grau ao desconhecimento, pois a ignorância também rouba o entendimento sobre a importância do tema e faz com que a pessoa o relegue a outras ou a um nível desimportante. Mas também devemos considerar o desfavor prestado por grande parte dos políticos que insistem em estampar diariamente as manchetes de jornais em divulgações de escândalos. Associados à sujeira, corrupção e roubalheira, compondo assim uma representação social extremamente negativa, é muito fácil perceber porque as pessoas não querem se envolver com os assuntos políticos: não querem se sujar.

Finalizo comentando sobre a desinformação, fruto, talvez, da hiperinformação recebida cotidianamente. Sem confirmação de fontes, com descrédito em muitas, e com várias versões desencontradas que primam pelos interesses dos envolvidos, o cidadão se sente perdido entre os acontecimentos que o soterram sem dar-lhe tempo para o devido processamento e interpretação dos dados percebidos.

É certo que temos agora um lugar de fala amplo, potente e disponível para ambos os lados, mandatários e cidadãos. Termos como e-participação já começam a ganhar força entre os estudiosos da comunicação política e nos aponta as possibilidades de engajamento e mobilização da sociedade em prol de suas demandas e direitos políticos, indo ao encontro ou de encontro àqueles que se oferecem para representá-los.
Marcos Marinho
Professor e Consultor Político

@mmarinhomkt

terça-feira, 30 de setembro de 2014

O candidato ideal


Chegamos à reta final das eleições 2014, aparentemente no velho ritmo da inércia que se abateu sobre a política goiana há tempos. Povo de um lado, candidatos do outro, propaganda fraca, eventos mirrados e nada de “novo”.

Mais uma vez o povo ficou à espera do candidato capaz de captar-lhe os anseios, capaz de se comunicar e apresentar alguma forma de mudar essa realidade desagradável que está posta. Mas aí reside um problema: será que o povo tem alguma ideia de como se parece esse candidato? Sem saber como ele é, como o identificar quando o vir?

Trago esse questionamento em confronto direto àqueles que dizem que anularão o voto por não ter “alguém que preste”. Afronto também os que afirmam serem os políticos todos iguais. São iguais a quê, em que, a quem?

A atividade política vem sendo pervertida ao longo do tempo, afastando-se totalmente do que deveria ser. O professor Clóvis de Barros Filho nos apresenta um conceito de política muito interessante, que diz: “a política é o debate sobre compatibilizar interesses contraditórios no sentido da melhor convivência possível”.

É fato que viver em sociedade requer habilidades relacionais, pois são muitos desejos diferentes coexistindo no mesmo ambiente e dependendo dos mesmos recursos. Àqueles que se propõem mediar relações sociais, papel principal dos mandatários políticos, é fundamental que essa habilidade prepondere sobre todas as outras. Saber negociar em prol do atendimento dos interesses dos que lhe votaram, não apenas de seus próprios, deve ser o principal norteador de sua atividade enquanto representante escolhido pelo povo.

Mas será que esse critério sobressairá entre os que serão usados pelos eleitores para definir o voto no próximo dia 05 de Outubro? Caso não seja o balizador, quando a campanha passar lá estará novamente o eleitor sem quem trabalhe para compatibilizar seu interesse com uma vida melhor.

Suponho não ser aquele que distribui mais gasolina, ou meia dúzia de dinheiro, ou cavaletes nas ruas, santinhos pelas calçadas, sorrisos em fotos e vídeos, que ostente essa capacidade de lutar pelos interesses de quem lhe confiou o voto. Estes que se baseiam na encenação pura, na comercialização de apoios e sufrágios, certamente não titubearão em votar uma matéria, uma lei, um projeto que possa prejudicar o povo, desde que ganhem seu quinhão.

O verdadeiro político exerce sua atividade todos os dias de sua vida, com ou sem mandato. Ele está sempre disposto a lutar pelos interesses dos que lhe necessitam de apoio e ação. O resto, que pulula no horário eleitoral, são apenas “atores de campanha” em busca de um troféu, um emprego com boa remuneração e poder para dar voz aos seus desejos. Aparecem, somem e reaparecem durante as eleições e, ganhando ou perdendo, passam quase quatro anos sem olhar o eleitor nos olhos ou responder suas indagações.

Não se deve confundir a política e os políticos com a guerra de interesses particulares e “atores de campanha”. Também não é inteligente a afirmação de que “a política é sempre assim”, pois estaria confirmando que somos, todos que não agimos ou concordamos com isso, massa indefesa de manobra.

Admito que sejamos, na maioria, lenientes e preguiçosos quando o assunto é política. O que é um equívoco imperdoável, visto a violência e carestia do mundo em que vivemos. Mas não somos agentes passivos neste processo! Podemos mudar tudo, de uma vez, caso assim desejemos e para isso nos empenhemos.

Espero que antes de tomar sua decisão no dia 5 de Outubro haja reflexão e ponderação quanto ao que está realmente em jogo no momento do voto. Não simplesmente a propaganda, os sorrisos, as promessas devem ser seu guia para escolher o candidato certo. Pesquise, conheça, questione quem for pedir seu voto, obrigue-os a fazer por merecer te representar nos próximos quatro anos. Lembre-se: sem um bom representante seus interesses sempre serão derrotados, na luta diária pela felicidade.

Marcos Marinho
Professor e analista político

Apresentador do programa CONTRADITÓRIO

sábado, 16 de agosto de 2014

Eleição ou concurso de popularidade?

Existem vários fatores que norteiam a participação popular no pleito eleitoral e na decisão de voto, mas infelizmente parece que estamos participando da forma errada.

Considerando o processo eleitoral que estamos vivendo, assim como todos os anteriores, podemos perceber, ao olhar com um pequeno distanciamento das passionalidades políticas, que não estamos produzindo um sistema de escolhas que consideram habilidades e competências como captadores de votos, mas popularidade.

Observando todas as pesquisas veiculadas nos meios de comunicação, incluam-se as pré-eleitorais e também as mais recentes, desde o primeiro momento tivemos a confirmação de que os eleitores em suas manifestas intenções de voto não estavam avaliando propostas ou competências pertinentes ao atual momento histórico, político e econômico que vivemos, mas o simples recall de marca deixado pelo candidato A ou B.

Não é possível o eleitor decidir seu voto nas eleições de 2014 antes de conhecer, confrontar e se convencer de que as propostas e capacitações do candidato A ou B são melhores que as dos candidatos C, D ou E. Não se o critério adotado for a resolução de problemas atuais e a capacidade de conduzir ações que otimizem e melhorem nosso Estado.

O que foi feito por alguém em tempos passados, e não importa se foi há 20 ou 4 anos, não é garantia para o que efetivamente fará nos próximos quatro. Ao analisar o perfil do candidato, mais do que reconhecer seus feitos de outrora, precisamos avaliar se ele possui atributos suficientes para vencer os desafios atuais e futuros. Todo material se desgasta com o tempo de uso e aparentemente não consideramos essa premissa básica na hora de escolher as fundações que usaremos para construir nossos próximos anos.

Consentindo então que os eleitores estão menos ligados nos projetos e nas capacidades do candidato para enfrentar os desafios que este terá pela frente e mais na batalha de produções audiovisuais e repercussões nas mídias impressas das imagens produzidas pelas grandes estruturas de campanha, continuaremos acompanhando a tradicional disputa de popularidade entre candidatos que fazem parte da história dos pleitos eleitorais deste estado, e que há mais tempo descobriram os caminhos para se assentarem nos tronos do poder político e partidário.

Quanto aos demais candidatos, penso que precisam conhecer uma regra básica que usamos nos mercados empresariais e que se adequa perfeitamente ao pleito eleitoral: “se você não é o maior, precisa ser o mais ágil, se não é o mais forte, precisa ser o mais inteligente.”

Marcos Marinho
Professor e Analista Político
Apresentador do Programa CONTRADITÓRIO

@mmarinhomkt

quarta-feira, 16 de julho de 2014

Campanhas nas ruas

Começou o período eleitoral de 2014, momento onde os eleitores brasileiros serão procurados, assediados e bombardeados pelas ferramentas de comunicação eleitoral usada pelos candidatos. Em grande parte, muito mal utilizadas, diga-se de passagem.

Na ânsia de cooptar o maior número de votos possível, a fim de conquistar um mandato em 2015, candidatos de todas as agremiações partidárias colocarão suas estratégias de campanha nas ruas. Veremos candidatos com gigantescas estruturas, e milionários orçamentos, e centenas de campanhas modestas estampadas com nomes desconhecidos que, em grande parte, continuarão desconhecidos após o pleito.

Apoiados em modelos políticos defasados, e principalmente em paradigmas comunicacionais e eleitorais que não mais representam a realidade dos eleitores de 2014, muitos candidatos incidirão em erros grotescos que lhes renderão, ao invés de votos, enorme rejeição. O valor do voto é efêmero, já disseram os estudiosos, mas o não voto é sempre mais barato.

Sem planejamento e conhecimento técnico das formas e possibilidades de uso das ferramentas de comunicação eleitoral, pois em sua maior parte as campanhas não contam com profissionais de comunicação e marketing político em suas equipes, os candidatos usam e abusam de materiais de campanha com intuito de impactar seus possíveis eleitores e conquistar-lhes o voto. No entanto, os erros e excessos cometidos nas campanhas tem grande poder de causar ojeriza e perda de votos.

Carros de som com volumes exagerados, jingles irritantes, excesso de santinhos jogados nas casas, caixas de correios e ruas, adesivos pregados em bens particulares sem autorização, excesso de mensagens nos celulares e telefones, e mais uma série de erros cometidos pelas equipes de campanha poderão prejudicar diretamente os candidatos por elas representados.

Neste ano também teremos, ainda mais forte, a utilização das redes sociais para disseminação das mensagens - outro ponto que tem forte potencial para irritar os eleitores, e fazer com que os candidatos ganhem uma contra-militância aguerrida e agressiva disposta a combatê-los voluntariamente. Esse canal é bi-lateral.

Cabos eleitorais que não sabem pedir, nem justificar, votos para seu contratante, campanhas de rua que são destoantes das campanhas digitais, falta de compreensão dos anseios dos eleitores, de suas capacidades intelectivas e canais usados para acessar mensagens políticas são fatores que exporão a ausência de planejamento e compreensão dos candidatos goianos sobre o que é fazer uma campanha eleitoral embasada em conceitos de marketing.

As falhas de campanha não tem relação direta com ausência de recursos financeiros. Vemos campanhas milionárias protagonizando erros absurdos, e campanhas modestas atuando com muita técnica e assertividade, fatos que podem contribuir, e contribuem, para que nem sempre o candidato mais rico seja eleito.

Bom, a partir de agora e até 05 de Outubro teremos contato com todos os tipos de candidatos e linguagens de campanhas, umas boas e outras ridículas, mas certamente precisamos observá-las, compreendê-las e usá-las para decidirmos nosso voto de forma consciente e inteligente, pois as campanhas passam e seus resultados ficam, pelo menos, por 4 anos.

Marcos Marinho
Professor e Analista Político.
Apresentador do Programa CONTRADITÓRIO.

@mmarinhomkt.

quinta-feira, 10 de julho de 2014

Polarização, de novo!?

Começou o período eleitoral deste ano, desde 06 de Julho as campanhas estão liberadas para ganhar as ruas. Talvez por vivenciarmos as emoções da Copa do Mundo no Brasil, e por ser a reta final, eleitores e campanhas ainda levarão um tempo para se encontrar pelas ruas das cidades, embora nas redes sociais algumas mensagens e materiais já tenham começado a ser disseminados.

Nos meios de comunicação tradicionais, como já vinha acontecendo de modo mais esparso, os temas eleitorais já ganham as manchetes diariamente. Com a costumeira divulgação de resultados de pesquisas de intenção de votos, jornais garantem sua demanda ao anunciar os números que destacam as atuais impressões do eleitorado e suas tendências de voto.

Na pesquisa Serpes/OPOPULAR divulgada nesta semana, os eleitores puderam constatar algo que já vinha sendo comentado em todas as rodas de conversa sobre política, pelas ruas de Goiás: a polarização entre os nomes de Iris Rezende e Marconi Perillo, os dois maiores rivais políticos do Estado, continua.

Sem entrar nas questões numéricas, o que mais chama a atenção é vermos novamente a reprodução de um cenário que persiste desde 1998, em que Iris e Marconi lutam pela mesma vaga. O fato fica ainda mais chamativo quando lembro das manifestações populares de 2013, onde milhares foram às ruas para gritar pelo novo e afirmar que não se sentiam representados pelos políticos que estavam no poder.

Detentores do poder, diretamente ou através de seus grupos, pelos últimos 32 anos, Iris e Marconi não podem ser encarados como “novo”. Talvez esse seja o maior desafio de suas campanhas: encontrar alguma novidade que justifique mais 4 anos de mandato para um dos dois.

Pensando no grito pelo novo, ecoado pelas ruas no ano passado, tento entender os números manifestados no resultado das últimas pesquisas que mantem a tradicional polarização entre os dois principais candidatos ao governo goiano. Será apenas um reflexo do nível, inconteste, de conhecimento por parte dos eleitores sobre esses dois nomes? Será que ainda representam em algum nível os anseios do povo? Será que a falta de visibilidade e de conhecimento sobre outros candidatos faz com que as escolhas continuem no patamar do conhecido ante ao desconhecido?

O fato é que os demais candidatos ao Palácio das Esmeraldas: Vanderlan Cardoso(PSB), Antônio Gomide(PT), Marta Jane(PCB), Alexandre Magalhães(PSDC) e Weslei Garcia(PSOL) precisam agilizar seus projetos de campanha, otimizar seus recursos e causar algum impacto no cenário eleitoral caso desejem ocupar espaço nas mentes e corações dos eleitores, para então se apresentar como uma opção capaz de quebrar a polarização existente até o momento.
Marcos Marinho
Professor e Analista Político
Apresentador do Programa CONTRADITÓRIO

marcos@mmarinhomkt.com.br

*Imagem da internet

terça-feira, 24 de junho de 2014

Eleitor fiel


O pleito de 2014 se avizinha e os palanques eleitorais já começam a ser montados, inicialmente em meio a grupos sociais, entidades de classe, instituições públicas e, principalmente, templos religiosos.

A batalha pela cooptação dos votos dos fieis é generalizada. Templos evangélicos e igrejas católicas, cultos e missas, ternos e batinas são imiscuídos na estratégia política de grupos de poder, a fim de favorecer seus escolhidos.

Mesmo entendendo que os templos são locais apropriados para se falar sobre política - falar sobre todos os assuntos que regem a polis, a cidade, e nossa convivência enquanto sociedade - acredito que não devam ser usados como palanque para politicagens e encabrestamento de eleitores.

Poucas são as igrejas, católicas ou protestantes, que levantam bandeiras perenes em prol dos seus cidadãos-fieis e dedicam-se a politizar seus membros a fim de não deixá-los como ovelhas na presença dos lobos políticos - e não permitir que sejam usados apenas para saciar a fome de poder e riqueza de alguns.

Avalio que o título de pastor ou padre, por si só, não capacita alguém para ocupar uma cadeira no legislativo ou executivo. A escolha da cúpula eclesiástica, ou mesmo a decisão isolada e motivada por interesses particulares de padres e pastores, não deve ser a base usada por um eleitor para tomar sua decisão de voto.

Reconheço a necessidade das correntes religiosas terem seus representantes políticos, mas condeno quando isso suprime o intelecto das pessoas e se calca apenas na mística espiritual que levanta “ungidos” para receber votos, sem que este abençoado consiga por ele mesmo, por suas propostas e condutas, conquistar a mente e o coração dos eleitores fiéis.

Não julgo as religiões, ou faço juízo de valor sobre rituais e crenças, porém não posso calar-me frente a algumas práticas inescrupulosas que visam beneficiar projetos particulares, sobrepujando pessoas e se valendo justamente do que lhes é mais caro, sua própria fé.

O livro sagrado traz em si a seguinte mensagem: “conheceis a verdade e a verdade vos libertará” (João 8:32), sendo assim, espero que neste pleito os líderes espirituais exerçam seus ministérios para expor a verdade sobre os interesses políticos de seu grupo, a verdade sobre os candidatos que decidiram “ungir” e não se valham de artifícios, mitos, medos, ameaças ou versículos com números subliminares na tentativa de cooptar votos.

Seja um eleitor fiel, mas seja fiel apenas à sua consciência, sua racionalização das propostas e condutas daqueles que lhe pedirão o voto. Não diga amém ao líder religioso que tenta lhe catequizar sem ao menos explicar os motivos que o levaram a proclamar o escolhido. Seja livre para fazer suas escolhas e tenha coragem para arcar com os resultados delas.

Marcos Marinho
Professor e consultor político

@mmarinhomkt

domingo, 18 de maio de 2014

Sou a favor dos justiceiros

No Brasil estamos acostumados aos rótulos sociais que surgem e são amplamente divulgados, aceitos e ostentados de ano em ano. Já tivemos os “cara-pintadas”, os “manifestantes”, os “rolêzeiros” e, hoje, temos os justiceiros.

A acepção da palavra justiceiro nos remete ao conceito de justiça, de quem faz justiça, o que, neste caso, seria efetivamente algo muito bem vindo devido a atual situação de nosso país, onde convivemos com o medo, a miséria, o desrespeito por parte dos entes públicos, a falta de educação e civismo apresentada por grande parte da população, enfim um momento caótico para a sociedade.

No entanto as pessoas que estão sendo rotuladas como “justiceiros” não representam a justiça, não são membros do poder judiciário, tampouco manifestam em seus atos o conceito de justiça ou lutam conscientemente por esta.

Uma definição simples da palavra justiça seria: Prática e exercício do que é de direito. Por entender justiça como um conceito mais amplo e abrangente trago Aristóteles, que defendia a Justiça como “virtude”, associando legalidade e igualdade.

O que temos visto na mídia em hipótese alguma pode ser chamado de justiça! Sendo assim, nominar os assassinos e espancadores que promovem as cenas mais torpes e indignas de qualquer sentido de humanidade de justiceiros está equivocado. Estamos diante de bandidos que se acham no direito de exterminar quem eles consideram bandidos.

É confortável justificar as atrocidades que vem sendo cometidas por estes grupos de ensandecidos, nas ausências e ineficiências do estado, afinal é dele a responsabilidade por não nos expor à violência. A ineficiência dos governos tem contribuído para geração de toda descrença e desespero que usamos para validar os comportamentos irracionais apresentados por estas pessoas, mas ainda assim tal comportamento pode ser justificado?

Neste caso é muito importante que entendamos que estas ações de linchamento e massacre em nada têm a ver com justiça, mas sim com um sentimento de desforra, de revide que, ao invés de ser canalizado e utilizado para realmente se exigir o cumprimento das funções de governo, ao invés de ser usado para fiscalizar e reivindicar o cumprimento rígido das leis de nossa constituição, dos direitos humanos universais e do estatuto da criança e do adolescente, é simplesmente usado para acobertar o instinto animal e covarde daqueles que não são nem justos nem corajosos para mudar seu status quo.

Sou favorável aos justiceiros, mas àqueles que exercem o papel legal de julgadores e executores das leis, e são constituídos e formados para isso. Sou a favor dos justiceiros, dos homens e mulheres que dedicam suas vidas para verem cumprida a legislação que garante direitos e deveres, pessoas que lutam por causas que beneficiam a sociedade, causas que dão dignidade e respeito a todos, e visam corrigir injustiças.

Não há justiça na vingança, na destruição da vida humana, na agressão física e psicológica contra quem é suspeito de um crime, nem a quem já foi  condenado pela comprovação de seu delito.Toda pessoa deve receber a punição prevista em lei e ter a possibilidade de se regenerar, se arrepender e mudar. A morte não muda o criminoso. O atual sistema carcerário não reeduca o apenado. A ausência de políticas públicas e sociais que garantam as condições mínimas para que o cidadão possa escolher não viver do crime, não contribui para diminuir a criminalidade.

Vivemos um dos momentos mais desordenados de nossa sociedade. Descrédito nos poderes constituídos, nas instituições e no ser humano, tem nos feito adotar posturas equivocadas, nos tornando inertes na maioria das vezes, ou animalescos em casos extremos.

Somos, enquanto partícipes da sociedade, muitas coisas, mas certamente o adjetivo justo não nos cabe da forma como acreditamos. Se formos respeitosos uns para com os outros, colaborativos e igualitários em nossas relações, cumpridores dos nossos deveres e perseguidores dos nossos direitos, aí sim teremos condição de promover a justiça que nos foi usurpada.
Marcos Marinho
Professor e Consultor político

@mmarinhomkt

quarta-feira, 7 de maio de 2014

Chega de promessas

Estamos a praticamente 60 dias do período eleitoral de 2014, época que infelizmente não é merecedora de grandes e boas expectativas por parte dos eleitores. Em pesquisa recente publicada pela CNT (Confederação Nacional dos Transportes), encomendada ao Instituto MDA (SP), foi detectado que 30,7% dos brasileiros dizem ter pouco interesse pelas eleições e 27,5% afirmam ter nenhum interesse pelo pleito presidencial.

Existem vários fatores que podem ser responsabilizados por esta ampla demonstração de desinteresse por nosso processo democrático e popular da manifestação de opinião sobre os rumos que queremos para nosso país: falta de educação política, excesso de escândalos envolvendo políticos, inabilidade dos mandatários e seus partidos em manter relacionamento com os eleitores, dentre outros.

Todo desinteresse pelo processo eleitoral manifestado pela população, obviamente, impactará nas urnas. Seja pelo aumento de votos brancos, nulos e abstenções - o que em nada recomendo por ser simplesmente um mecanismo que favorece a manutenção no poder de quem já o detém - ou pela maior dificuldade que os candidatos terão para acessar os eleitores e conquistar-lhes o voto. É muito difícil vender um “produto” que as pessoas não tem interesse nem de ouvir a propaganda.

Neste contexto podemos perceber também uma séria dificuldade por parte dos atuais pré-candidatos em afinar um discurso que ganhe eco entre a população. Neste momento, tenham certeza, muitas cabeças estão fervilhando atrás de ideias e argumentos que chamem a atenção desta grande maioria de desinteressados. Mas o que prometer? Como adivinhar o “novo” modelo político que este povo deseja? Estas respostas valem muito dinheiro.

Gratuitamente deixarei neste espaço uma dica que considero valiosa: chega de promessas! Nestas eleições, não será a capacidade mirabolante de alguns prometedores que encantará aos eleitores. A população não quer mais ouvir sobre novos hospitais, novas escolas e creches, novas obras ou qualquer outra novidade. É fato que precisam de muitas coisas que ainda não possuem, mas principalmente desejam que o que está ao seu dispor funcione.

O eleitor já tem noção da enormidade de dinheiro que os governos captam através dos impostos que ele paga e, mais ainda, sente na pele o quanto isso é inverso à qualidade dos serviços que recebe em troca. Não são as novas promessas que vão atrair os votos - de promessas esse votante está cansado - mas sim a possibilidade de reconhecer em algum candidato a capacidade real de resolver os problemas             que lhe afligem, o caráter gestor capaz de fazer funcionar de modo eficaz o que não está a contento, ou seja, tudo.

Senhores pré-candidatos, percam menos tempo confabulando junto a pseudos-profissionais da consultoria política em busca de novas promessas e dediquem-se a apresentar suas credenciais de gestores eficientes. Chega de promessas. O que se deseja é a execução, a explanação do como e quando as coisas vão de fato acontecer.

O brasileiro se cansou de viver no “país do futuro”, dirigido por criativos prometedores eleitorais. Resta alguma dúvida?
Marcos Marinho
Professor e Consultor Político

@mmarinhomkt

terça-feira, 22 de abril de 2014

As seleções brasileiras de 2014

Estamos em 2014, ano de Copa do mundo no Brasil. Além de ser um ano onde a alienação se traveste de verde-e-amarelo, pregando que patriotismo é colocar uma bandeira no capô do carro e sair buzinando pela cidade a cada gol de um time de futebol, este ano também nos oferece outra competição ainda mais importante: as eleições.

Assim que o circo futebolístico levantar suas tendas e partir, daremos início ao outro grande evento - esse sim patriótico de verdade - de 2014, o pleito que elegerá os novos representantes do povo, nos times legislativos e executivos do país.

Diferente do time de futebol que disputará o campeonato que precede a competição política deste ano, o time que assumirá os mandatos eletivos em 2015 deverá ser escalado pelos próprios brasileiros. Na escalação política não há a figura autoritária do “Técnico”, que no time de futebol decide quem joga ou não, e talvez por isso receba sempre o peso pelo fracasso do time. Cada eleitor brasileiro deverá assumir a responsabilidade pelo time que decidir colocar para jogar com sua vida pelos próximos quatro anos.

Fala-se muito que “o Brasil é o país do futebol” e que “de técnico e louco todo mundo tem um pouco”, será então que somos melhores técnicos ou eleitores? Temos o mesmo compromisso que temos com nossos times para com nossa família, nossa cidade e nosso país? Sei de várias pessoas que conhecem todos ou quase todos os jogadores da seleção brasileira, de seus times do coração e até dos tradicionais adversários, mas não são capazes de falar em quem votaram na última eleição. Infelizmente!

Em breve os “jogadores” políticos entrarão em campo para tentar conseguir seu voto a fim de ocuparem uma vaga na Seleção Brasileira de Mandatários 2015.

Alguns são nomes pouco conhecidos, mas que merecem sua atenção e avaliação, pois possuem competência e habilidade para desenvolver um bom trabalho. Outros já são conhecidos nos campos parlamentares e executivos e, por isso, devem receber um crivo mais pesado, devem mostrar que realmente estão em forma e que marcaram os gols que prometeram há quatro anos.

Existem ainda aqueles que nunca marcaram um gol, faltaram à maioria dos treinos e quando jogaram nos campos das Assembleias e Congresso Nacional, ou nos palácios por este Brasil, apenas fizeram faltas e “lambança”, demonstrando conduta indigna. Estes merecem ser expulsos do time.

Em 2015 começaremos um novo campeonato, o mais importante das nossas vidas, a Copa do Mundo de crescimento, desenvolvimento e bem-estar social. Qual time você escalará para te representar nesta competição e, efetivamente, te trazer um futuro campeão?

Marcos Marinho
Professor e Consultor Político

@mmarinhomkt

segunda-feira, 7 de abril de 2014

Miopia social

A miopia é uma ametropia, um erro de refração que dificulta a visualização de objetos que estejam distantes dos olhos. Comumente conhecida como “vistas curtas”, necessita de correção cirúrgica ou por meio de lentes capazes de ajustar essa falha ocular.

Motivou-me falar sobre “miopia social” a sequência de ações, reações e comentários populares sobre política, violência, justiça e direitos humanos às quais tive acesso. Temas que impactam cotidianamente em nossas vidas e que geralmente encontram explicações das mais variadas e equivocadas em todo tipo de boca.

Temos visto diariamente a ação de grupos de pessoas que decidem, motivados pela descrença e desespero, fazer “justiça” com as próprias mãos contra meliantes pegos em flagrante na prática de crimes. Sempre amparados em justificativas que percorrem o descontentamento com as leis vigentes no país, que não mantém presos criminosos contumazes e não punem, na medida em que acreditamos “justa”, estes mal feitores. De fato, isto tem sua razão! Nosso sistema legal é ultrapassado, nosso sistema correcional é ineficaz e nossa polícia, algumas vezes, é tão equivocada no cumprimento de seu dever quanto os próprios bandidos.

Outro segmento amplamente desacreditado é o dos “políticos”, mandatários que vivem envoltos em esquemas de corrupção e nada fazem em prol da população que os elegeu. Outra verdade! Realmente temos canalhas da mais alta periculosidade ostentando mandatos e legislando em causa própria.

Quanto aos defensores dos Direitos Humanos, vistos como coniventes, que passam a mão na cabeça dos marginais, pela ótica ametrópica do povo, é ainda mais fácil de desacreditar.
Precisamos colocar em nossos olhos lentes capazes de nos fazer enxergar mais longe, pois só assim veremos que toda desgraça que nos acomete tem uma causa. Veremos que nossa conduta até aqui não tem sido em direção de solucionar causas, mas apenas execrar e combater efeitos.

 A violência que nos estupra, rouba e mata não será dissipada simplesmente prendendo, batendo e matando seus violadores. Afinal sempre, caso não eliminemos as causas, surgirão novos estupradores, ladrões e assassinos. Os políticos corruptos que lesam nossa pátria não perderão seus mandatos se a massa míope continuar votando neles.

Os Direitos Humanos nunca serão de todos os humanos enquanto não deixarmos de lutar para que aqueles que não consideramos mais humanos - devido aos crimes que cometem, ou sua condição social, racial, de gênero ou física - não tenham os deles, ao invés de garantirmos o de todos.

Existem apenas duas lentes capazes de corrigir essa miopia social e fazer com que ampliemos nossa visão, capacitando-nos a enxergar mais distante e profundo dentro da nossa sociedade as causas que nos fazem viver assim. Essas lentes se chamam Educação e Engajamento.

Avie sua receita, corrija sua deficiência e enxergue os meios para fazer deste mundo um lugar melhor para todos.
Marcos Marinho
Professor e Consultor Político.

@mmarinhomkt.

segunda-feira, 24 de março de 2014

Se me perguntassem

Eu poderia dizer que tudo de ruim que estamos vivendo atualmente faz parte de uma conspiração das oposições, que teimam em querer o lugar daqueles que ocupam as cadeiras mandatárias e são denominados situação. Mas em algum momento minhas palavras perderiam a validade, já que situação e oposição se alternam de quando em quando, e ainda assim os problemas que nos afligem continuam lá, nos observando e crescendo.

Talvez eu dissesse que realmente estamos vivendo em um lugar maravilhoso, terra de gente boa e feliz, que não sofre com a violência pavorosa dos que roubam e matam por nada. Diria até que temos todos os motivos para sorrir quando passeamos por nossas cidades limpas, arborizadas, entrecortadas por vias adequadas ao volume de carros e que sempre temos ao nosso dispor os transportes públicos de qualidade que nos motivam a deixar os carros em casa e, assim, diminuir a poluição que pode causar doenças. Mas aí eu estaria vivendo um “Show de Truman”, uma vida de faz de conta contada nas telas de televisão.

Se um dia algum mandatário - eleito pelo voto do povo - me perguntasse o que está acontecendo que faz com que sua aprovação popular seja pífia, e que faz ecoar nas ruas um grito de “não me representa”, poderia lhe dizer que seus ouvidos e olhos há muito se afastaram do seu povo. Talvez até lhe informasse que a publicidade não é suficiente para esconder a verdade, pelo menos não por todo o tempo. Seria viável esclarecer que as lutas egomaníacas por poder, que ignoram o desejo popular, não ajudam na integração do povo com os assuntos políticos, prestando um desserviço para a sociedade, que acaba por desacreditar a própria democracia.

Minha alegria seria completa se viesse o povo, os eleitores, e me perguntasse como deixamos as coisas chegarem a este ponto. Se quisesse saber o motivo de vivermos com medo, de não sermos atendidos pelo poder público, de estarmos descrentes do processo político e ainda dispostos a manter a inércia, a prostração na mediocridade política, isso eu gostaria de responder. Para este povo me esforçaria em elaborar uma resposta, pois são os únicos a quem vale a pena tentar dizer algo que faça sentido.

Se me perguntasse, esse povo do qual eu faço parte, responderia com toda a verdade que pode haver em uma teoria: A culpa é nossa!
Marcos Marinho
Professor e Consultor Político

(@mmarinhomkt)

terça-feira, 4 de março de 2014

Eu não sabia!

Engraçado como as pessoas que mais deveriam saber das coisas às vezes vem a público dizer que sabem de nada. Ocupantes de altos cargos políticos, secretários de pastas importantes, diretores, assessores e mais um rol de “desinformados”, em tempos onde a internet dissemina informações que vão do horóscopo à montagem de bombas, ainda garantem de nada saber quando o assunto lhes é espinhoso.

Vivemos imersos em um oceano de dados e desinformação, agitado pelos ventos do interesse político e do poder econômico, ambos aliados eternos. Jogados de um lado ao outro pelas enormes ondas de comunicação direcionada, formatada e veiculada com o intuito de nos confundir, desorientar ou induzir, vamos tentando nos agarrar a alguma tábua de salvação, a fim de que não nos afoguemos entre os interesses alheios.

Infelizmente a doença da ignorância, “do não saber”, parece também ter contagiado boa parcela da sociedade. Muita gente diz não saber por que vive nas condições em que sobrevive. Assim, decidi trazer algumas perguntas para reavivar lembranças:

- Existe dúvida de que somos pessoas diferentes com desejos e necessidades diferentes, mas que vivem em um mesmo espaço geográfico, limitado, e que por isso precisam administrar desejos e necessidades de forma a atingir, pelo menos, o mínimo de satisfação coletiva e não só individual?

- Não é fato que a cidade onde vivemos é o espaço que possuímos para interações e relações sociais que nos permitirão sobreviver e conquistar os meios para as realizações pessoais e coletivas e que, por isso, não podemos depredá-la, sujá-la ou simplesmente abandonar a fiscalização de sua gestão? Que não precisamos ter mandato, mas sim nos comportarmos como cidadãos para participarmos ativamente dessa gestão?

- Alguém assume não saber que é errado sonegar ou se omitir frente a um episódio de sonegação? Que ao não denunciar os praticantes de violência contra crianças e mulheres, ou qualquer pessoa, poder-se-á tornar-se a próxima vítima? Já não foi dito que vender o voto por meia dúzia de dinheiros é o mesmo que autorizar os buracos nas ruas, as péssimas condições dos transportes públicos, dos serviços de saúde e educação? Não é sabido que toda omissão e/ou micro corrupção, essa do dia a dia que talvez se cometa por ser típica do “jeitinho brasileiro”, é o principal combustível para degradação do nosso país, nosso estado, nossa sociedade?

Chegamos a um ponto muito próximo do caos nas relações sociais e políticas. Estamos vivendo a desintegração da moral e da esperança nos poderes constituídos, o que nos leva ao ponto próximo de uma ditadura - onde o povo se entrega aos gritos de algum falso profeta.

É premente que pessoas dispostas a dialogar sobre política e cidadania, nas rodas de bate papo, nas mesas dos bares, nas salas de aula e dentro de suas casas - lugares onde se faz a verdadeira política - trabalhem para erradicar a amnésia moral e ética que fez perder-se o bem comum. Somos todos responsáveis pelo que está acontecendo com nossa sociedade. E agora você sabe.

Marcos Marinho

Professor e analista político
@mmarinhomkt

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

O que defendem os black blocs?


Sou um observador político e me debruço dia-a-dia sobre várias informações veiculadas em muitos meios de comunicação, pois acredito que devemos buscar todas as verdades possíveis, a fim de construir uma opinião defensável sobre os fatos. Animal político por essência, concordando com Aristóteles, acredito que enquanto vivermos em sociedade somos obrigados a buscar clareza e entendimento sobre as possibilidades de gestão das diferenças, dos desejos conflitantes dos homens neste mundo de escassez.
Defendo o diálogo, o pluralismo de ideias, o contraditório, a revisão dos sistemas políticos e eleitorais, uma educação de qualidade, o acesso de todo cidadão ao maior número possível de meios de informação, ao ensino de direitos e deveres para as crianças já no período básico e mais uma série de coisas que impactam na sociedade da qual faço parte.
Por considerar que estou, minimamente, envolvido nos problemas políticos e sociais que afligem meus concidadãos, trago à baila a questão que titula este texto: O que defendem os black blocs?
Não reconheço neles alguma reivindicação pautada na coerência e análise, não os percebo dispostos a esclarecer suas intenções, não sei de ação deste grupo em prol de dialogar e, pelo menos, conquistar o apoio popular para suas requisições. Como uma turba agressiva e disposta a passar por cima de tudo e todos na busca da promoção do maior prejuízo possível para os governos, essa falange tem atuado durante as manifestações populares no país. Sua atuação criminosa teve, recentemente, uma materialização terrível, a morte do cinegrafista Santiago Andrade. Mas, antes disso, já destruíram muito do patrimônio público e privado, aterrorizaram muitos cidadãos e macularam várias manifestações populares dignas e corretas.
Quem são esses mascarados? O que defendem? Qual sua ideologia?
Se o anarquismo, que venham defendê-lo com argumentos, pois possuem o direito de defender suas crenças. Mas se estão sendo usados como massa de manobra nas mãos de pessoas que possuem outros interesses, ou se apenas querem gerar medo e destruição, passa a hora de serem refreados.
Somos uma sociedade democrática que ainda está aprendendo o que isso significa. E para manutenção desse status devemos todos lutar contra qualquer levante disposto a destruir nosso patrimônio, que intente instaurar o medo inibidor das manifestações legítimas e perverter as lutas em prol de melhorias para nosso povo.
Aquele que encontra na violência e depredação o único argumento para defender suas intenções é mais nocivo do que aquele contra quem luta!
Marcos Marinho

Professor e Consultor Político.

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

2014 - O ano do Brasil

Estamos em 2014, o ano do Brasil. Decidi abrir este texto com tal frase porque ela realmente representa a maior verdade que poderia escrever sobre o ano corrente.

Certamente alguns leitores já projetaram em suas mentes a imagem da camisa verde e amarela da Seleção que disputará a Copa do Mundo. Digo que não é este o motivo de ser 2014 o ano do Brasil. Simplesmente porque o Brasil a que me refiro não se restringe a um time esportivo, com integrantes que não representam o povo brasileiro, senão nos sonhos de meninos de pés descalços espalhados em campinhos de terra, e que acreditam ser o futebol o único caminho para uma “vida boa”.

Estamos no ano do Brasil, o ano em que poderemos exercer nosso poder, enquanto cidadãos, para decidirmos o futuro desta nação. O maior evento deste ano não é a Copa, mas as eleições.

Nesta disputa o prêmio principal, em lugar de uma taça, são as vidas de 198,7 milhões de pessoas, e todo esforço, trabalho e sonhos que com elas residem, durante, pelo menos, quatro anos.

De que adianta uma taça de ouro, se milhões de pessoas continuam vivendo com medo da violência, sofrendo com transportes públicos indecentes, serviços de saúde indignos, sem escolas e condições de ter uma educação real? Vivem sem perspectivas de evolução e desenvolvimento social. De que adianta gritos de gol, se vivemos presos no trânsito das cidades mal planejadas, se não podemos desfrutar da paga por nossos esforços, pois grande parte do que recebemos é dragado pelos governos para alimentar suas negociatas e joguinhos de toma lá, dá cá?

Não serão os dribles dos jogadores-  absurdamente bem pagos para isso - que acabarão com a corrupção, a dilapidação do erário, a falta de coragem e caráter dos mandatários desta nação, que abandonaram suas funções de representantes do povo para refestelarem-se em banquetes, enquanto pessoas morrem nas ruas cheias de marginais, e marginais morrem nas cadeias cheias de imperadores do crime que nada respeitam e continuam a exercer seu poder paralelo.

Tenho escutado pessoas descrentes do sistema político, alegando que não sabem em quem votar neste ano, afirmando que votarão nulo, ou que nem votarão. Alguns acreditam que ao anular o voto estarão fazendo um protesto que ecoará entre as hierarquias do poder e, de certa forma, ofenderá os políticos bandidos. Ledo engano! O voto nulo não é computado como voto válido, e assim não tem efeito sobre o resultado da eleição. Sobre ser um protesto capaz de mostrar a indignação popular e avexar os políticos que serão eleitos com poucos votos, infelizmente lhes digo que também não surtirá efeito. O mau político, aquele que realmente não merece seu voto, não se importará de ser eleito apenas com um voto, o seu próprio.

Este é o ano do Brasil. É o ano em que podemos decidir se vamos realmente vencer o jogo contra esta realidade insuportável que está nos massacrando, tomando decisões mais coerentes, avaliando melhor na hora de votar, não nos iludindo por fantasias midiatizadas ou meia dúzia de dinheiros. O ano de 2014 está à nossa frente, não para sermos espectadores de campeonatos de futebol, de festas carnavalescas ou qualquer outro tipo de circo usado para nos tirar a atenção daquilo que é importante. Este é o ano em que cada brasileiro deverá fazer uma escolha: se omitir, se corromper, ou partir para guerra contra os estelionatários da nação.
Marcos Marinho

Professor e Consultor político